Meirelles nega que cargo esteja ameaçado e diz que pressão é normal

Meirelles afirmou que há um consenso de que a economia brasileira crescerá em 2017
Estadão Conteúdo
Publicado em 05/12/2016 às 12:56
Meirelles afirmou que há um consenso de que a economia brasileira crescerá em 2017 Foto: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, negou nesta segunda-feira (5) que seu cargo no governo esteja em risco. Perguntando se está sendo "fritado" por aliados, ele afirmou: "Não tenho visto isso."

Segundo ele, é normal que haja pressão sobre membros do governo e ele já teve uma experiência semelhante quando foi presidente do Banco Central, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Acho que agora (a pressão) é até um pouco menor", comentou. A declaração foi dada após sua participação no 12º Congresso Brasileiro da Construção, em São Paulo.

Em meados do ano passado o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também começou a ser pressionado, à medida que a economia não reagia, mesmo com o forte plano de ajuste fiscal defendido por ele. O ministro, na ocasião, rechaçou os comentários sobre sua possível saída do cargo, mas no fim do ano acabou deixando o governo Dilma Rousseff sendo substituído por Nelson Barbosa.

No domingo, 4, o presidente da República, Michel Temer, disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, que Meirelles tem seu "total apoio". O presidente afirmou também que não há nenhuma intenção de se compartilhar o comando da política econômica.

PIB

No evento, Meirelles afirmou que há um consenso de que a economia brasileira crescerá em 2017, mas o que se discute é o ritmo. Apesar dessa fala, alguns analistas já projetam nova recessão no ano que vem. Na pesquisa Focus, a expectativa para o crescimento em 2017 caiu de 0,98% para 0,80%.

Meirelles afirmou que houve uma expectativa muito grande quando Temer assumiu a Presidência da República de que haveria uma melhora na economia, porque as medidas corretas já estavam sendo tomadas. Entretanto, talvez tenha ocorrido uma avaliação apressada, já que a atual crise é diferente das outras, por ser mais profunda e prolongada, o que afeta a saúde financeira das empresas e torna a retomada da economia mais demorada. "A urgência para tirar o País da crise existe desde o momento em que assumimos", afirmou.

Questionado se o governo vai mesmo lançar um pacote com dez medidas microeconômicas para estimular a economia, Meirelles disse que uma série de ações está sendo estudada, mas ainda estão em elaboração. Ele voltou a afirmar que, no momento, não há planos de aumentos de impostos e, perguntando se o governo analisa novas isenções tributárias para ajudar alguns setores, ele afirmou que "não pretendemos aumentar o déficit público dando mais desonerações". "Os remédios básicos que resolvem a doença (da economia) já estão começando a funcionar. O Brasil saiu da UTI, mas ainda não está correndo, como todos ansiamos", afirmou.

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