As resistências de grupos aliados do governo, especialmente do chamado Centrão, fizeram com que o Planalto desistisse de nomear o deputado federal tucano Antonio Imbassahy para assumir a Secretaria Geral do governo em substituição a Geddel Vieira Lima.
Como precisa aprovar no Congresso propostas que exigem bastante apoio, como a reforma da Previdência, o governo avaliou que era melhor negociar com mais calma a escolha do novo titular da pasta.
Alguns nomes já começam a ser falados como opções para o posto, como os senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG) e José Aníbal (PSDB-SP). Mas essa escolha precisaria ser articulada com o Centrão ou repetiria o problema ocorrido com Imbassahy.
Logo após saberem da possível nomeação de Imbassahy, no início da tarde desta quinta-feira (8) líderes do Centrão procuraram auxiliares do presidente Michel Temer, para reclamar. Também reagiram publicamente, prometendo travar votações de projetos de interesse do governo na Câmara, principalmente da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da reforma da Previdência Social.
"Pode cravar. Nunca existiu, nem existirá nomeação do Imbassahy", afirmou um dos líderes do Centrão no início da noite. Outro líder disse que, pelo menos até a eleição para presidência da Câmara, marcada para fevereiro de 2017, a nomeação não será oficializada. Para o grupo, a escolha do tucano demonstraria claramente a interferência do Palácio do Planalto a favor da reeleição do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
"Em se confirmando (a nomeação), acho uma péssima ideia. Não que ele seja uma pessoa do mal, mas a base do governo na Câmara tem dois vieses: a antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB) e o que vocês (imprensa) chamam de Centrão. Isso é uma interferência clara do governo no processo que se avizinha", afirmou mais cedo o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), um dos pré-candidatos do Centrão a presidente da Câmara.
Segundo Arantes, a indicação favorece Maia, na medida em que a negociação para a escolha de Imbassahy envolveu o acerto do apoio do PMDB e PSD à candidatura do deputado do DEM. "Não acredito que essa nomeação vai se concretizar. É um governo experiente. Mas, em se concretizando, claro que vai ter efeito para Previdência. Toda ação tem uma reação. É a Lei de Newton", afirmou o líder.