Durante o depoimento de quase 1h30 na sede da Polícia Federal, em Curitiba, o ex-deputado Eduardo Cunha (PDMB) negou o envolvimento de Michel Temer em negociações para o manter calado e afirmou, segundo advogado, que o seu silêncio "nunca esteve à venda". Quarenta e sete perguntas foram enviadas de Brasília para o deputado cassado e condenado pela Lava Jato.
De acordo com o portal UOL, ao deixar a PF, o advogado de Cunha, Rodrigo Rios confirmou a fala do peemedebista de que nunca foi procurado por Temer ou interlocutores do presidente para comprar o silêncio dele. "Ele negou categoricamente", atestou Rios.
Cunha não respondeu os questionamentos relacionados ao suposto recebimento de propina por parte de empresas interessadas em obter empréstimos do Fundo de Investimentos do FGTS, por ser um tema que não faz parte do inquérito que contra Temer.
Em março deste ano, Michel Temer foi gravado pelo dono da JBS, Joesley Batista, numa conversa em que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), deu aval para pagamentos a Cunha com o objetivo de convencer o ex-deputado a não fechar acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato. O presidente nega as acusações.
Antes de prestar o depoimento, a defesa de Eduardo Cunha havia pedido ao STF acesso às provas para que o ex-deputado pudesse se defender de forma ampla. A ação poderia adiar o interrogatório marcado para hoje, por isso foi negado pelo ministro Edson Fachin.
Condenado pela Operação Lava Jato a 15 anos de reclusão, Cunha está detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele foi preso em outubro de 2016.