Numa série de vídeos publicados no Twitter, o presidente Michel Temer alertou para a importância da independência e harmonia entre os poderes e fez uma crítica indireta ao empresário Joesley Batista, que o colocou na mira de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF)."Acabamos com os favores que privilegiavam algumas poucas empresas" disse o político antes de afirmar conhecer "o roteiro" para a justificativa de crimes. Temer também garantiu que os criminosos "não ficarão impunes" e já entrou nesta segunda-feira (19) com duas ações judiciais contra o dono da JBS.
(AI) Presidente Michel Temer diz que o governo cortou práticas ilícitas que beneficiavam poucas empresas. Veja o vídeo: pic.twitter.com/6fCgixchdw— Michel Temer (@MichelTemer) 19 de junho de 2017
"Cortamos as práticas que permitiam a criminosos crescer à sombra dos ilícitos e do dinheiro publico jorrado sem limite, com juros camaradas. Muita gente não gostou disso. Está claro o roteiro que criaram para justificar seus crimes: apontando o dedo para outro para fugir da punição", acrescentou Temer.
Apesar da declaração, o Governo Federal deixou passar no último mês, o acordo para o Novo Refis, com descontos generosos a endividados, entre eles a JBS, e, em junho, mudanças nas leniências firmadas com o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), deixando lacunas sobre a atuação do Ministério Público e as formas de punição a empresas que fecharem esse tipo de "delação premiada".
A justificativa para as atitudes de Joesley Batista é a mesma que vem sendo adotada por Michel Temer desde que a gravação entre o empresário e o presidente veio à tona causando estragos no Planalto. No vídeo, o presidente deixa claro: "Aviso aos criminosos que não sairão impunes. Pagarão pelos seus crimes". Nesta segunda, Temer entrou na Justiça com duas ações contra o empresário. Mesmo sem uma denúncia formal já ter sido apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Presidência vive dias de expectativa com cada passo dado pela Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal. A essa, na semana passada, Eduardo Cunha e o próprio Joesley prestaram depoimentos dispares sobre a relação com o presidente.
Joesley confirmou tudo que já tinha sido apresentado em delação premiada, confirmando o acordo firmado com Temer para silenciar Cunha e nomimando o presidente como "chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil".
Já Eduardo Cunha, na mesma semana, informou à PF que jamais colocou o silêncio à venda, indicando que Temer jamais negociou qualquer tipo de pagamento de propina ao ex-deputado enquanto preso.
Além do vídeo, o presidente cumpriu com o anúncio do fim de semana e entrou na Justiça contra um dos donos da JBS. Uma das ações será por danos morais, onde pedirá indenização financeira, e a segunda, será uma queixa crime, por difamação, calúnia e injúria, crimes contra a honra cometidos por Joesley Batista ao arrolar Temer nas denúncias de corrupção.
Com a viagem de Temer, quem despachará no Palácio do Planalto é Rodrigo Maia (DEM-RJ). Aliado do presidente, Maia já contabiliza 13 pedidos de impechament contra o peemedebista na lista de espera para entrarem na pauta da Câmara dos Deputados.