O governo deixou para a semana que vem a distribuição dos R$ 12,824 bilhões que foram liberados no Orçamento deste ano. O desbloqueio foi assegurado nesta sexta-feira (29) com a publicação do decreto de programação orçamentária e financeira e está sendo motivo de disputa na Esplanada dos Ministérios, diante do risco real de "apagão" na máquina pública e em meio à tramitação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer no Congresso Nacional.
O Planejamento informou em nota que os recursos que cabem ao Poder Executivo (R$ 12,660 bilhões) serão destinados para a reserva. "Sua distribuição será feita a partir da próxima semana", afirma. Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado governo, o governo ainda está analisando as demandas dos órgãos e vendo o que é possível atender. Só a partir daí é que a área econômica editará as portarias que concedem de fato o dinheiro para os ministérios.
O que já está definido é que o valor liberado para o Executivo vai bancar despesas discricionárias, ou seja, para o custeio da máquina administrativa, que está à beira de um colapso. Há ainda a expansão dos limites para empenho de emendas impositivas individuais (R$ 673,8 milhões) e de bancada (R$ 338,8 milhões), uma notícia importante para a Secretaria de Governo, comandada por Antonio Imbassahy, que conduz as negociações com os parlamentares. Oliveira esteve nesta sexta no Palácio do Planalto com Imbassahy e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
O decreto também destina R$ 7,7 milhões para o Legislativo, R$ 134,7 milhões para o Judiciário, R$ 19,5 milhões para o Ministério Público da União e R$ 2,1 milhões para a Defensoria Pública da União.
Mesmo com a liberação, ainda restam R$ 32,1 bilhões bloqueados no Orçamento, um valor considerado elevado, segundo o próprio ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. Em coletiva na semana passada, ele disse que o governo trabalharia para, se possível, promover um descontingenciamento adicional.
Ainda segundo o ministro, as áreas que mais preocupam são de segurança, defesa, educação e ciência e tecnologia. "Nossa rede de atendimento ao público, de Previdência, também merece atenção", disse na ocasião.
O governo havia condicionado a liberação dos R$ 12,8 bilhões ao resultado dos leilões de hidrelétricas que eram operadas pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), realizado na última quarta-feira (27). A cautela era necessária, segundo a área econômica, porque as receitas esperadas com o certame eram consideráveis e determinantes para o desbloqueio: R$ 11,1 bilhões. Para alívio do governo, o resultado do leilão veio acima do esperado, com arrecadação de R$ 12,13 bilhões.
Houve sucesso maior que o esperado também na 14ª Rodada de Licitações, que arrecadou R$ 3,8 bilhões com blocos de petróleo leiloados, acima da previsão de 546 milhões.
O Orçamento ainda prevê, porém, uma receita de R$ 8,8 bilhões com o Refis (parcelamento de débitos tributários). Como a Câmara dos Deputados aprovou uma versão do texto ainda mais benevolente, com descontos maiores, isso pode comprometer a arrecadação do programa. A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, informou na quinta-feira, 28, que a perda em relação a esse valor pode ficar em cerca de R$ 5 bilhões. Por isso, o ganho com ágio nos leilões pode ser consumido por essa mudança no Refis.