Governo distribuirá os R$ 12,8 bi liberados do Orçamento na próxima semana

Desbloqueio dos recursos no orçamento está sendo motivo de disputa na Esplanada dos Ministérios, diante da tramitação da segunda denúncia contra Temer
Heitor Nery
Publicado em 29/09/2017 às 20:09
Desbloqueio dos recursos no orçamento está sendo motivo de disputa na Esplanada dos Ministérios, diante da tramitação da segunda denúncia contra Temer Foto: Pixabay/ Reprodução


O governo deixou para a semana que vem a distribuição dos R$ 12,824 bilhões que foram liberados no Orçamento deste ano. O desbloqueio foi assegurado nesta sexta-feira (29) com a publicação do decreto de programação orçamentária e financeira e está sendo motivo de disputa na Esplanada dos Ministérios, diante do risco real de "apagão" na máquina pública e em meio à tramitação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer no Congresso Nacional.

O Planejamento informou em nota que os recursos que cabem ao Poder Executivo (R$ 12,660 bilhões) serão destinados para a reserva. "Sua distribuição será feita a partir da próxima semana", afirma. Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado governo, o governo ainda está analisando as demandas dos órgãos e vendo o que é possível atender. Só a partir daí é que a área econômica editará as portarias que concedem de fato o dinheiro para os ministérios.

O que já está definido é que o valor liberado para o Executivo vai bancar despesas discricionárias, ou seja, para o custeio da máquina administrativa, que está à beira de um colapso. Há ainda a expansão dos limites para empenho de emendas impositivas individuais (R$ 673,8 milhões) e de bancada (R$ 338,8 milhões), uma notícia importante para a Secretaria de Governo, comandada por Antonio Imbassahy, que conduz as negociações com os parlamentares. Oliveira esteve nesta sexta no Palácio do Planalto com Imbassahy e o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

O decreto também destina R$ 7,7 milhões para o Legislativo, R$ 134,7 milhões para o Judiciário, R$ 19,5 milhões para o Ministério Público da União e R$ 2,1 milhões para a Defensoria Pública da União.

R$ 32 bilhões seguem bloqueados no orçamento

Mesmo com a liberação, ainda restam R$ 32,1 bilhões bloqueados no Orçamento, um valor considerado elevado, segundo o próprio ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. Em coletiva na semana passada, ele disse que o governo trabalharia para, se possível, promover um descontingenciamento adicional.

Ainda segundo o ministro, as áreas que mais preocupam são de segurança, defesa, educação e ciência e tecnologia. "Nossa rede de atendimento ao público, de Previdência, também merece atenção", disse na ocasião.

O governo havia condicionado a liberação dos R$ 12,8 bilhões ao resultado dos leilões de hidrelétricas que eram operadas pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), realizado na última quarta-feira (27). A cautela era necessária, segundo a área econômica, porque as receitas esperadas com o certame eram consideráveis e determinantes para o desbloqueio: R$ 11,1 bilhões. Para alívio do governo, o resultado do leilão veio acima do esperado, com arrecadação de R$ 12,13 bilhões.

Houve sucesso maior que o esperado também na 14ª Rodada de Licitações, que arrecadou R$ 3,8 bilhões com blocos de petróleo leiloados, acima da previsão de 546 milhões.

O Orçamento ainda prevê, porém, uma receita de R$ 8,8 bilhões com o Refis (parcelamento de débitos tributários). Como a Câmara dos Deputados aprovou uma versão do texto ainda mais benevolente, com descontos maiores, isso pode comprometer a arrecadação do programa. A secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, informou na quinta-feira, 28, que a perda em relação a esse valor pode ficar em cerca de R$ 5 bilhões. Por isso, o ganho com ágio nos leilões pode ser consumido por essa mudança no Refis.

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