A aliança do PDT com o governo do Estado faz parte de uma estratégia nacional do partido, afirmou o presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, durante a solenidade de posse de secretários, na tarde de ontem. Segundo ele, a “chapa dos sonhos” teria PDT, PSB e PCdoB. “É uma aliança que ninguém precisa explicar”, disse Lupi. O PDT tem como nome presidenciável o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes. O PSB, inclusive, é o partido apontado para indicar o vice.
Cid Gomes não é um nome estranho ao PSB. O ex-governador, que também foi ex-ministro de Lula, já integrou os quadros do PSB. Saiu do partido em 2013 para entrar no PROS. Nomes do PCdoB e do PSB falam, em reserva, que ainda é muito cedo para fechar uma chapa para 2018. Um dos principais impasses seria a definição das regras eleitorais, com as votações da reforma política.
As conversas para o ingresso no governo começaram no início do ano. Um dos principais articuladores foi o ex-prefeito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB), presente ontem à solenidade. Ele nega a atuação. “Fui para prestigiar os amigos que estavam tomando posse”, disse. O nome dele foi citado pelo governador Paulo Câmara (PSB), junto com o de José Queiroz (PDT), ex-prefeito de Caruaru.
Lupi também não esconde o desejo de formação da chapa local, com o nome de José Queiroz concorrendo a uma das vagas do Senado. O assunto foi tratado durante o almoço que precedeu a posse. “Mas nem Queiroz diz que sim, nem Paulo Câmara diz que não”, comentou.
Para Lupi, a união com o PSB foi um caminho natural, já que o PDT apoiou a eleição de Geraldo Julio (PSB) para a Prefeitura do Recife ano passado. “O primeiro passo é a secretaria. Estamos iniciando uma nova etapa com um olhar para 2018”, disse Lupi. Em 2014, o PDT estava na principal chapa de oposição a Paulo Câmara, que teve Armando Monteiro Neto (PTB) para o governo. Paulo Rubem, hoje no PSOL, foi o vice pelo PDT. Nomes do partido, como o grupo dos Queiroz, hoje valorizado na gestão socialista, com a pasta de Agricultura.
A escolha da secretaria de Agricultura foi estratégica. O PDT queria uma pasta que agregasse uma ampla base para o partido. “Nunca tratamos de outra pasta, sempre foi a agricultura. Ela é bem próxima de movimentos sociais”, afirmou.
Por outro lado, a aliança também ajuda a isolar o grupo da prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), opositora do Palácio. A tucana deixou o PSB ao ser renegada pelo partido na disputa municipal do ano passado. Acabou vitoriosa nas urnas. Com o apoio formal, o Palácio fortalece o grupo dos Queiroz, apesar de que tanto José quanto Wolney estavam no palanque de Raquel no 2º turno.