Bolsonaro faz sigla ecológica abandonar causa ambiental

A expectativa do Partido Ecológico Nacional (PEN) é atrair o deputado para a disputa presidencial de 2018
Estadão Conteúdo
Publicado em 22/10/2017 às 10:21
A expectativa do Partido Ecológico Nacional (PEN) é atrair o deputado para a disputa presidencial de 2018 Foto: Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados


Na expectativa de atrair o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) para disputar a Presidência da República em 2018, o Partido Ecológico Nacional (PEN) vai virar Patriota, apagar a causa ambiental de seu estatuto e dar uma guinada à direita. Seus filiados ficarão proibidos de se coligar com "partidos de extrema esquerda" e deverão ser contra o aborto e a legalização das drogas e se posicionar a favor da redução da maioridade penal e do uso de armas de fogo. Apesar do novo estatuto, Bolsonaro ainda não se filiou à legenda.

Segundo colocado nas pesquisas mais recentes de intenção de voto, numericamente à frente de Marina Silva (Rede) e atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro já disse estar "99%" certo da migração para o PEN. Mas aquele 1% está pendente desde agosto, quando a sigla adotou sua nova roupagem.

Do antigo conjunto de regras, restaram apenas os pontos que tratam da estrutura partidária, como atribuições de conselhos e diretórios. Um estatuto tem como propósito regular os objetivos, a filiação, os direitos e deveres dos filiados e seus órgãos. Já apresentadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mudanças ainda não foram homologadas pela corte.

O presidente nacional do PEN, Adilson Barroso, que na semana passada viajou aos Estados Unidos com Bolsonaro para encontrar investidores, disse que as novas regras foram moldadas para se ajustar ao pensamento do capitão da reserva do Exército, que, em seu sétimo mandato, está há 26 anos na Câmara dos Deputados. "Tudo (do estatuto) veio dele e do grupo dele", afirmou. Procurado pelo jornal 'O Estado de S. Paulo' para comentar o novo estatuto do PEN, o deputado federal não respondeu.

Ao convidar Bolsonaro para a sigla, Barroso, além de mudar o estatuto, colocou à disposição seu cargo. De acordo com ele, o deputado recusou a oferta.

O novo conjunto de regras, porém, apresenta agora a figura do presidente de honra - ainda sem ocupante -, que terá "a competência para a escolha de candidatos do partido para concorrer aos cargos de presidente e vice-presidente da República". Poderá ainda o presidente de honra "indicar seu próprio nome, não cabendo a qualquer outro órgão do partido, em nenhum nível ou instância, apresentar oposição". Esse presidente de honra terá também "o poder de veto quanto a qualquer aliança, parceria, conjugação e coligação partidária".

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