Após mais de três horas de audiência com senadores que formam a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nesta quarta-feira (19), o ministro da Justiça, Sergio Moro, usou uma linha de argumentação bastante clara. Na maioria das suas respostas, o antigo juiz questiona a autenticidade das conversas vazadas pelo site The Intercept nos últimos dias.
Por diversas vezes, Moro diz que houve um 'ataque criminoso' ao seu celular e aos aparelhos de procuradores. Moro ainda disse que por muitas vezes não se lembra de algumas mensagens divulgadas, o que segundo ele, poderiam ter sido 'adulteradas' antes da divulgação do site jornalístico.
"Eu saí do Telegram e não tenho essas mensagens para afirmar se são autênticas ou não. Tem algumas coisas que eventualmente posso ter dito. E algumas que me causam estranheza. Mas vejo que podem ser parcialmente adulteradas. Por isso, desde o início sempre nos referimos como supostas mensagens, pois não tenho como verificar a legitimidade de material", afirmou Moro.
Quando questionado sobre a impropriedade das mensagens, Sergio Moro afirmou várias vezes que seriam normais e que os "diálogos absolutamente corriqueiros na tradição jurídica brasileira". Outro ponto bastante mencionado pelo ministro é a importância da Operação Lava Jato no combate a corrupção no Brasil. Para isso, Moro volta a afirmar que não se sabe ainda o alcance dos ataques feitos pelos hackers e que podem afetar as conquistas institucionais obtidas nos últimos anos.
"Tirando o sensacionalismo e pessoas que equivocadamente se convenceram sem espirito crítico, minha percepção é que existe um apoio massivo à Lava Jato", acrescenta.
Leia Também
- CCJ do Senado ouve Moro sobre conversas vazadas com Dallagnol
- Líder do governo no Senado diz que Moro 'está seguro' sobre vazamentos de conversas
- Ao vivo: Audiência de Moro no Senado sobre conversas vazadas
- 'Algumas me causam estranheza', diz Moro sobre autenticidade de mensagens
- 'Peça desculpa ao Brasil', diz Humberto Costa a Moro em audiência no Senado
Confira a linha de argumentação do ministro aos senadores:
- Houve um ataque aos telefones de procuradores da Lava Jato;
- Ele trocou mensagens com os procuradores;
- Moro diz não pode garantir que o que foi divulgado pelo The Intercept Brasil é fiel ao conteúdo delas ("elas podem ter sido adulteradas");
- Ele não tem como comprovar a veracidade do conteúdo porque não tem mais o aplicativo faz tempo;
- Moro chama de "supostas mensagens" e diz que elas, entretanto, não revelam impropriedade. "São diálogos absolutamente corriqueiros na tradição jurídica brasileira";
- O ataque foi orquestrado por um grupo organizado, não por um hacker isolado;
- O objetivo do ataque é "minar os esforços anticorrupção que foram uma conquista da sociedade brasileira";
Sessão
A reunião na CCJ começou as 9h20, com 20 minutos de atraso. A previsão é de que, após a fala do ministro Moro, os senadores inscritos, intercalados por ordem de partido, tenham cinco minutos para perguntas.
O ministro tem o mesmo tempo para resposta e, depois, os parlamentares terão prazo máximo de dois minutos para réplica e tréplica. Transmitida pelas redes sociais do Senado, a reunião permite a participação da população, que pode enviar perguntas por meio dos canais oficiais.