Mensagens captadas pelo The Intercept Brasil e divulgadas pela colunista Mônica Bérgamo nesta terça-feira (16) indicam que o procurador da República e coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, cobrou passagem e hospedagem para ele e a família no complexo aquático Beach Park, no Ceará. Além disso, foi requisitado R$ 30 mil como condição para Dallagnol palestrar em um evento da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC).
Um mês depois, o procurador conversava com o atual Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, fazendo propaganda para que ele também aceitasse o convite da entidade. “Eu pedi pra pagarem passagens pra mim e família e estadia no Beach Park. As crianças adoraram”, disse Dallagnol. “Além disso, eles pagaram um valor significativo, perto de uns 30k [R$ 30 mil]. Fica para você avaliar.”
Nas mensagens, Deltan festejou não ter recebido punições de órgãos de fiscalização pelas palestras. “Não sei se você viu, mas as duas corregedorias —[do] MPF [Ministério Público Federal] e [do] CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público]— arquivaram os questionamentos sobre minhas palestras dizendo que são plenamente regulares”, disse.
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FIEC
Na palestra da FIEC, em 2017, Dallagnol defendeu que “ter heróis na Lava-jato é péssimo”. “É necessário que paremos de falar que os nossos representantes não nos representam. Nós ficamos esperando heróis que nos salvem e isso de ter heróis na Lava-jato é péssimo, porque nos faz ficar sentados esperando que os heróis nos salvem. Ficamos na posição de vítima. Só vamos conseguir alcançar um Brasil melhor se formos autores da própria história”, disse o procurador em tom motivacional.