O presidente Jair Bolsonaro já dá como certo que o nome do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), "vai ser aprovado" pelos senadores como embaixador do Brasil nos Estados Unidos. O presidente deixou de lado as medidas econômicas e usou parte do discurso na cerimônia de 200 dias de governo para defender a nomeação do filho para o cargo em Washington.
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Em certo momento, Bolsonaro chegou a dizer ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que poderia indicar Eduardo para assumir o lugar do ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), assim ele comandaria todas as embaixadas.
"Vamos supor um caso hipotético, Davi, eu não acredito nisso, até porque a sabatina (na Comissão de Relações Exteriores, do Senado), vai ser feita com rigor, eu tenho certeza disso, e ele (Eduardo) vai ser aprovado. Mas eu poderia dizer para o Ernesto 'vou te indicar para a Embaixada dos EUA e colocar meu filho como ministro das Relações Exteriores'", declarou Bolsonaro.
Em sua fala, o presidente destacou a proximidade do filho com o presidente dos EUA, Donald Trump. Afirmou, ainda, que "não existe satisfação melhor do que conversar com muita dignidade com o homem mais poderoso do mundo, Donald Trump". O presidente citou críticas feitas durante visita oficial ao presidente dos EUA, na qual Eduardo participou da reunião privada com Trump, e não Ernesto.
"Eduardo é uma pessoa comunicativa que se aproximou da família do presidente norte-americano. Tanto é que numa reunião reservada na Casa Branca, em que estávamos eu, ele e a intérprete, mais ninguém, Trump fez questão de convidar Eduardo para entrar e assistir reunião", disse o presidente. "A amizade que ele (Trump) tem, a sua família, pelo meu filho, não tem preço. O trabalho mais importante que um embaixador tem é ser cartão de visita."
Citando outros casos
Jair Bolsonaro citou casos de nomeações antigas para reiterar que a nomeação de seu filho é adequada. Ele lembrou a indicação de um ex-deputado do PT Tilden Santiago para a embaixada de Havana, em Cuba, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o nome do diplomata e político Oswaldo Aranha, com o argumento de que indicações políticas para o comando das representações diplomáticas já foram realizadas antes.
Santiago foi deputado por três mandatos e concorreu a uma vaga no Senado em 2002, mas ficou em terceiro lugar. Ele foi nomeado ao posto de Havana no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois, chegou a ser suplente na chapa do ex-senador e hoje deputado Aécio Neves (PSDB-MG).
Já Aranha, que foi diplomata e político, na área internacional ficou conhecido por ser um dos defensores da criação do Estado de Israel quando era chefe da delegação brasileira na ONU. Ele também foi presidente da Assembleia Geral da ONU em 1947. Antes, foi embaixador na capital americana.