O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 18, que seguirá a decisão da "sua equipe" sobre o projeto de lei que obriga a inclusão de informações sobre pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Censo 2020, pesquisa que registra características e condições de vida da população brasileira. O presidente, porém, não informou se o sancionará ou vetará.
Na semana passada, ele já havia sinalizado que deverá vetar o texto. Nesta quinta, Bolsonaro chegou a se irritar com um grupo de pessoas que defendia a questão e o aguardava na porta do Palácio do Alvorada, em Brasília. Ele tem até o dia 26 para decidir sobre a questão.
"Se é para sancionar, eu não vejo maldade. Eu vou seguir a minha equipe, eu não trabalho sozinho. Vamos supor que eu vete, vai todo mundo dar pancada em mim. Agora, quem paga a conta no final, qual o grau do autismo para ver se merece um BPC (Benefício de Prestação Continuada) no futuro? Fazer demagogia eu faço. Quer fazer igual o PT fazia? Então dá para todo mundo", disse.
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Na semana passada, Bolsonaro compartilhou um vídeo da presidente do IBGE, Susana Guerra, no qual ela defende que eventuais questionamentos sobre autistas devem ser incluídos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e não no Censo.
"A pessoa que vai fazer o censo, qual é o preparo dela para dizer se essa é autista ou não? Vai acreditar ou não no pai? Confio em todo mundo, pelo o amor de Deus. Mas a partir do momento que se vislumbra essa possibilidade, vai ter gente que vai responder que sim", disse.
Segundo o presidente, o governo teria um gasto de R$ 2 bilhões por mês se eles entrassem no benefício de prestação continuada (BPC). "Você tem que ter um critério que não é apenas o recenseador. Depois, vê quem sofre de autismo ou não e vê em que condições se enquadra. Porque depois do censo vai vir a pressão para mais um benefício. Não sou contra, se tiver recurso", afirmou.
Resposta
Questionado pelas pessoas que o esperavam, Bolsonaro se irritou e disse que pararia de cumprimentar quem o aguarda, como tem feito normalmente, "enquanto tiver protesto". Ele chegou a dizer ironicamente que sancionaria o projeto, mas que aumentaria a carga tributária para compensar.
"Essas questões não são fáceis de resolver e causa desgaste para a gente. É pancada em cima de mim, como se eu fosse um homem mau (...) Não vou parar mais aqui enquanto tiver protesto, não vou parar. Porque, se eu estou discutindo o assunto com fundamento, com razão, o pessoal quer impor uma questão. Eu sanciono sem problema, nenhum. (...) São R$ 24 bilhões por ano, vamos aumentar a carga tributária. Tá bom? Tá resolvido o assunto?", disse.