As declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) nos últimos dias tem causado apreensão em alguns de seu auxiliares mais próximos. Por isso, na manhã dessa terça-feira (30), uma reunião de emergência aconteceu no Palácio do Planalto. Para o grupo, que conta com integrantes da ala militar do governo, com a elevação do tom de suas falas, Bolsonaro prejudica sua gestão, que perde a chance de divulgar pautas positivas.
Segundo um dos membros desse grupo, ações consideradas boas, como a liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a prisão do hacker que teria invadido celulares de autoridades, acabam passando despercebidas por causa do “destempero” de Bolsonaro.
A reunião dessa terça, teve como uma das razões a tentativa de entender o que está por trás do comportamento do presidente. Quem participou do encontro admite que ter sido pego de surpresa pelas declarações controversas do chefe do Executivo brasileiro.
Na visão do grupo, duas avaliações podem responder às dúvidas. Uma delas é que a equipe presidencial errou ao deixar Bolsonaro muito exposto a jornalistas durante eventos nos últimos dias. Os participantes da reunião defendem a redução de parte das interações, limitando, assim, as oportunidades de o presidente alimentar novas polêmicas.
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A outra avaliação aponta que integrantes da chamada “ala ideológica” têm conseguido influenciar o presidente com mais asseveração. Apesar disso, não está claro para o grupo quem são os mais “influenciadores mais ativos” nessa empreitada, embora aliados encarregados pela comunicação digital, área de influência de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, sejam os mais “suspeitos”.
“Agentes contemporizadores”
Uma das leituras feitas pelo grupo é de que essa tentativa de inflamar o discurso do presidente acontece como reação à chegada ao Planalto de Jorge Oliveira, ministro da Secretaria-Geral da Presidência; Fabio Wajngarten, chefe da Secretaria de Comunicação; e o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo.
Alcunhados de “agentes contemporizadores”, os três adotam discurso moderado e tentam fazer pontes com a imprensa. Ramos tem histórico de bom relacionamento com jornalistas e Wajngarten teve encontro recente com a cúpula das Organizações Globo.
Além de “blindar” Bolsonaro do contato com a imprensa, o grupo acredita que o retorno do filho mais velho do presidente ao Brasil, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), possa ajudar a acalmar os ânimos do capitão reformado. Ele tem um perfil mais moderado em relação aos irmãos e já foi comunicado sobre a crise.