Jair Bolsonaro acusou nesta quinta-feira (22) o presidente francês, Emmanuel Macron, de atuar com "mentalidade colonialista" sobre a questão da Amazônia, após convocar os membros do G7 para discutir sobre a "crise" gerada pelos incêndios na região.
"Lamento que o presidente Macron busque instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazônicos para ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia não contribui em nada para a solução do problema", disse Bolsonaro, acrescentando que o líder francês utilizou, inclusive, "fotos falsas".
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"O governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objetivos e no respeito mútuo. A sugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI".
Declaração de Macron
Macron disse nesta quinta-feira que os incêndios que atingem a Amazônia são uma "crise internacional" e convocou os membros do G7 a discutir "esta emergência" na cúpula de Biarritz, prevista para este final de semana.
"Nossa casa está em chamas. Literalmente. A Amazônia, pulmão de nosso planeta, que produz 20% do nosso oxigênio, está pegando fogo. Essa é uma crise internacional. Membros do G7, vamos discutir esta emergência nos dois primeiros dias" da cúpula, tuitou o presidente.
Mas Macron acompanhou seu tuíte com uma foto tirada da Amazônia há 16 anos pelo fotógrafo americano Loren McIntyre.
O líder francês se uniu com seu tuíte ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que se mostrou "profundamente preocupado" com os incêndios na Amazônia, após o presidente Jair Bolsonaro denunciar uma "psicose ambiental".
No início de agosto, a relação entre Brasil e França foi arranhada quando Bolsonaro decidiu ignorar uma reunião com o chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, em Brasília.
O presidente, descontente com a decisão do diplomata francês de receber ONGs brasileiras hostis ao governo, cancelou o encontro e publicou um vídeo no Facebook cortando o cabelo no horário previsto para a reunião.
O governo francês é particularmente atento ao respeito as normas ambientais e exige "pleno respeito" ao Acordo de Paris sobre o clima para avançar no processo de ratificação do recente tratado de livre comércio firmado entre Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e União Europeia (UE).
Bolsonaro, cético sobre a mudança climática, chegou a ameaçar a tirar o Brasil do Acordo de Paris, mas desistiu.