ENTREVISTA

Gilmar sobre Moro: Bolsonaro precisava dele, agora ele precisa de Bolsonaro

Para o ministro do STF, Sergio Moro perdeu protagonismo no governo Bolsonaro

JC Online
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Publicado em 15/10/2019 às 9:28
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Para o ministro do STF, Sergio Moro perdeu protagonismo no governo Bolsonaro - FOTO: Foto: Reprodução/TV Globo
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou, em entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, que o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, perdeu protagonismo no governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

"Moro chegou quase como um primeiro ministro. Depois ele virou esse personagem que o Bolsonaro leva para o jogo do Flamengo. Antes, o Bolsonaro precisava dele, agora ele passa a precisar do Bolsonaro", disse Mendes.

O ministro do STF disse ainda que não o Bolsonaro deve ter "uma imensa dificuldade" para fazer sua primeira indicação para a Suprema Corte. "Eu acho que o presidente terá uma imensa dificuldade de fazer essa primeira escolha (para o cargo de ministro do STF), porque ele vai querer dar o seu toque pessoal", falou.

Gilmar Mendes também comentou sobre a possível indicação de um evangélico como ministro do Supremo pelo presidente da República. "Ele disse que ia indicar para essa vaga do Celso de Mello um ministro terrivelmente evangélico. Eu até tenho dito que é importante é que indique alguém que saiba ler a Constituição", pontuou. "Se for evangélico, não terá nenhum problema", completou Gilmar.

Sentenças de Moro

No programa, o ministro falou sobre possibilidade de as sentenças de Sérgio Moro, quando era o juíz responsável pela Lava Jato, serem invalidadas pelo STF após o site The Intercept Brasil divulgar mensagens atribuídas ao ex-magistrado e a procuradores da força-tarefa da operação.

"Me parece que é importante debater essa questão tendo em vista que a possibilidade de que a prova ilícita seja relevante sim para efeito de exonerar alguém de responsabilidade. Esse acho que é um debate que a turma deve ter", falou.

Lula

Na entrevista a Pedro Bial, Mendes disse que não sabe se o ex-presidente Lula (PT), preso desde abril de 2018, será liberto, mas defendeu que o petista tenha um julgamento justo.

"Não sei. É uma questão que vamos ter que examinar com muito cuidado e a minha percepção de que nos círculos acadêmicos no mundo, há a impressão que há muitos vícios nesse processo do Lula e eu tenho dito que o Lula merece um julgamento justo. Tudo isso que vem se revelando, de fato, deixa suspeita sobre esse caso".

Julgamento da 2ª instância

O presidente do STF, ministro Dias Toffoli, marcou para esta quinta-feira (17) o julgamento definitivo do mérito de três ações que tratam sobre a prisão após condenação em segunda instância. As ações foram ajuizadas pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), PCdoB e pelo Patriota (antigo Partido Ecológico Nacional) e têm como relator o ministro Marco Aurélio Mello.

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