Crise ambiental

Bolsonaro não ajuda a conter óleo no Nordeste por vingança, diz Ciro Gomes

Declaração do ex-governador do Ceará foi dada durante entrevista à Rádio Jornal, na qual ele também criticou duramente o PT

Da editoria de Política
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Publicado em 22/10/2019 às 12:22
Foto: Miguel Schincariol/ AFP
Declaração do ex-governador do Ceará foi dada durante entrevista à Rádio Jornal, na qual ele também criticou duramente o PT - FOTO: Foto: Miguel Schincariol/ AFP
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Terceiro candidato mais votado nas eleições presidenciais de 2018, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) teceu uma série de críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) na manhã desta terça-feira (22), durante entrevista à Rádio Jornal Caruaru. O pedetista disse, por exemplo, que o militar reformado estaria retardando o auxílio federal aos estados nordestinos na limpeza e contenção das manchas de óleo que surgiram na região nos últimos meses por vingança, já que a região foi a única na qual ele não venceu o pleito que o levou ao Palácio do Planalto.

"O Bolsonaro é um cara vingativo e odiento, ele não nos perdoa, a nós do Nordeste, porque perdeu a eleição feio aqui. No Ceará, por exemplo, ele foi terceiro lugar. Ele é vingativo, paranoico, se sente um cara perseguido e, evidentemente, só isso explica
essa canalhice", disparou Ciro, ao comentar as ações do governo federal no enfrentamento ao vazamento de óleo. "Ele tem ódio de nordestinos desde sempre. A gente sabe, quando desce lá para o Sudeste, que quando as pessoas querem falar da gente de forma depreciativa nos chamam de baiano, de paraíba, e é exatamente assim que ele (Bolsonaro) se dirige quando pensa no Nordeste", completou.

Ao fazer um balanço sobre os primeiros dez meses de gestão do pesselista, Ciro o repreendeu ainda mais. O pedetista afirmou, contudo, não creditar o início da crise brasileira ao presidente, uma vez que a piora da economia do País precede o atual governo. "(A gestão Bolsonaro) É um desastre completo e - a história vai relevar - sem precedentes. Porque é justo e honesto que a gente afirme que não foi ele quem criou essa crise, a pior da história brasileira, os piores 10 anos dos últimos 120 anos na questão do desenvolvimento econômico e geração de emprego, mas ele a está agravando profundamente", pontou.

PT

Crítico frequente do Partido do Trabalhadores, ao qual recusou-se a apoiar no segundo turno das últimas eleições, Ciro não deixou de atacar a sigla liderada pelo ex-presidente Lula na entrevista e afirmou que o PT "pensa mais em si do que no País". "Eu perdi a eleição porque tive menos votos do que o meu adversário. (...) Pedir para o PT não ter candidato nunca foi a minha intenção. Evidentemente que a gente pode e deve, pensando no futuro, raciocinar qual a nossa obrigação com o Brasil e aí fica o meu debate, que é o seguinte: existiria o Bolsonaro sem o colapso do governo Dilma (Rousseff)? Existiria o Bolsonaro se não fosse a
notícia generalizada da corrupção que acabou levando o próprio Lula à cadeia? Existiria o Bolsonaro se não fosse a depressão econômica da Dilma, que recebeu o Brasil com desemprego de 4% e entregou, no impeachment, com 14%? Existiria o Bolsonaro se não fosse o Michel Temer (MDB), imprudentemente escolhido para a ser o vice da Dilma, contra a minha opinião? E aí fica muito claro, para quem não for fanático, que infelizmente a burocracia interna do PT pensa muito mais em si do que no País", declarou.

A respeito dos caminhos que a oposição ao governo federal deve seguir para sobreviver, Ciro disse acreditar ser necessário encontrar outro caminho para a esquerda que não seja necessariamente ligada ao PT. "Hoje, se você reparar, eles (PT) vivem do bolsonarismo. Na ideia do Bolsonaro é 'vote em mim, senão o PT volta'. E a deles é 'contra Bolsonaro só tem eu'. Essa coisa mata o Brasil. Se não for eu, que a gente ache outro caminho, que a gente procure arranjar outro caminho para desarmar essa bomba", comentou o pedetista.

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