Em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez seu primeiro discurso depois de deixar a prisão. Durante cerca de 20 minutos, o petista agradeceu aos militantes e criticou o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF).
As imagens de televisão mostraram empurra-empurra e disparos de fogos de artifício assim que Lula saiu. O ex-presidente estava no palco ao lado de familiares, apoiadores do MST e aliados petistas, entre os quais Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias e Wadih Damous.
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A ordem de soltura do petista foi dada, às 16h15, pelo juiz Danilo Pereira Júnior, da 12ª Vara Federal de Curitiba, menos de 24 horas depois de o Supremo Tribunal Federal declarar inconstitucional a prisão após condenação em segunda instância - caso de Lula. Às 17h42, o ex-presidente saiu da prisão.
Principais trechos do discurso de Lula
Agradecimentos aos militantes
"Olha, faz muito tempo que eu não vejo um microfone na minha frente. Meus queridos companheiros e minhas queridas companheiras, vocês não têm dimensão do significado de eu estar aqui junto com vocês. Eu, que a vida inteira estive conversando com o povo brasileiro, não pensei que, no dia de hoje, poderia estar aqui conversando com homens e mulheres que durante 580 dias gritaram 'bom dia, Lula', 'boa tarde, Lula' e 'boa noite, Lula', não importando se estivesse chovendo, se estivesse fazendo 40 ou zero graus. Todo santo dia, vocês eram o alimento da democracia que eu precisava pra resistir à safadeza e canalhice que o lado podre do estado brasileiro fez comigo".
"Eu imaginei que quando eu saísse eu ia poder encontrar cada companheiro da vigília e dar um grande abraço e um grande beijo. Vocês não têm noção do que vocês representaram para mim, eu fiquei mais fortalecido, mais corajoso."
Críticas
Lula disse que a sua prisão foi resultado de um "lado podre" do Estado brasileiro, "da Justiça, do Ministério Público, da Polícia Federal e da Receita Federal", que, segundo o ex-presidente, "trabalhou para tentar criminalizar a esquerda, o PT e o Lula". "O lado mentiroso da PF que fez inquérito contra mim, o lado canalha do MP e da força-tarefa."
"Se pegar o (Deltan) Dallagnol (chefe da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba), o (Sergio) Moro (ex-juiz da Lava Jato) e alguns delegados, enfia e bate num liquidificador. O que sobrar não é dez por cento da honestidade que eu represento nesse País. Eles têm que saber que caráter e dignidade não é uma coisa que a gente compra em shopping center, em feira ou no bar", discursou o presidente.
"O Moro tem que saber uma coisa: não prenderam um homem. Tentaram matar uma ideia, mas uma ideia não desaparece", disse Lula, retomando as ideias da sua fala no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC logo antes de ser preso em abril de 2018.
O presidente também fez críticas a veículos de imprensa. "Eu quero lutar para provar que se existe uma quadrilha e um bando de mafioso é essa maracutaia, liderada pela Rede Globo." Lula ainda afirmou que "não tem mágoas" nem dos policiais federais, nem dos carcereiros.