Expulso do Podemos com a justificativa de infidelidade pelo apoio irrestrito ao presidente Jair Bolsonaro, o pastor e deputado federal Marco Feliciano (SP), eleito pela primeira vez para o cargo com 212 mil votos em 2010, pelo PSC, coleciona polêmicas. Da colocação de um projeto que previa a “cura gay” na pauta de votações da Comissão de Direitos Humanos a um tratamento odontológico que custou R$ 157 mil para a Câmara dos Deputados, relembre abaixo questões envolvendo Feliciano que deram o que falar.
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Presidência da Comissão de Direitos Humanos
Sob protestos, Marco Feliciano foi eleito, em 7 de março de 2013, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara. O pastor foi acusado por deputados e representantes de movimentos de direitos humanos de racismo e homofobia. Na época, o deputado negou qualquer discriminação, e disse, após a eleição, que é contra o casamento entre homossexuais, a adoção de crianças por casais do mesmo gênero e qualquer tipo de aborto, mesmo de feto anencéfalo.
Com apoio da bancada evangélica, resistiu à pressão e ficou no posto. Feliciano disse que o debate sobre direitos humanos parou de ser feito para “beneficiar um ou dois grupos”.
Projeto que previa “cura gay”
Em junho de 2013, Feliciano chegou a aprovar na Comissão de Direitos Humanos um projeto, de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), que suspendia trecho da resolução do Conselho Federal de Psicologia de 1999 que proibiu profissionais da área de colaborar com eventos e serviços que ofereçam tratamento e cura de homossexualidade, a chamada “cura gay”. Após inúmeros protestos, a proposta foi retirada da pauta de votação.
Acusações de racismo
O pastor foi acusado de racismo por declarações na rede social Twitter publicadas em 2011. Na ocasião, Feliciano escreveu que os “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é polêmica”. Em seguida, em outra mensagem, ele afirmou que “sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids. Fome(sic)”. O pastor negou as acusações de racismo.
'Não há cultura do estupro em nosso País', disse Feliciano
Em reunião da Comissão dos Direitos Humanos, na Câmara, em junho de 2016, o deputado afirmou que ‘não há uma cultura do estupro em nosso País’. A sessão debateu a questão dos estupros no Brasil. "Não existe, no nosso País, a cultura de estupro. Existem estupradores", afirmou o parlamentar.
A fala do deputado foi interrompida por gritos de ‘fascistas’. Marco Feliciano foi ainda vaiado.
Patrícia Lélis
Em junho de 2016, Patrícia Lélis, então estudante de jornalismo e militante do PSC, acusou o Feliciano de tentativa de estupro e lesão corporal. Em vídeo, Marco Feliciano negou a tentativa de estupro. O processo foi arquivado em dezembro de 2018. O juiz responsável determinou que não havia elementos convincentes de que o deputado tenha agredido ou tentado violentar a jovem.
Tratamento dentário de Feliciano custou R$ 157 mil para a Câmara
O deputado foi reembolsado em R$ 157 mil pela Câmara dos Deputados após ter feito um tratamento odontológico. As informações sobre o implante foram divulgadas em agosto de 2019. De acordo com o veículo, o pastor confirmou o custo e alegou precisar de tratamento por causa de dores crônicas relacionadas ao bruxismo. “Não desejo para ninguém”, afirmou. “Sou político e pregador. Minha boca é minha ferramenta".
Feliciano precisou corrigir um problema de articulação na mandíbula e reconstruir o sorriso com coroas e implantes na boca. O pedido de reembolso foi apresentado à casa em abril de 2019, mas foi rejeitado pela equipe técnica. Na avaliação da área de perícia da Câmara, havia uma incompatibilidade entre os valores apresentados pelo parlamentar e os preestabelecidos pela Casa, além de problemas na descrição de parte dos procedimentos. No entanto, munido de um laudo de seu dentista, Feliciano recorreu da decisão. A Mesa Diretora, formada por sete parlamentares, acabou aprovando o gasto e reembolsou o parlamentar.
Em 2018, a Câmara pagou R$ 8 milhões somente em reembolso médico aos deputados.
Expulsão de Marco Feliciano do Podemos
A cúpula nacional do Podemos manteve a expulsão do deputado Marco Feliciano (SP), efetivando a saída do parlamentar da legenda. A direção nacional da sigla, porém, "aliviou" os motivos para expulsá-lo, deixando na justificativa apenas a infidelidade pelo apoio de Feliciano ao presidente Jair Bolsonaro.
Feliciano foi expulso por decisão da direção estadual do Podemos em São Paulo no dia 9 de dezembro. A decisão foi tomada citando diversos motivos, entre eles os gastos de R$ 157 mil referentes ao tratamento odontológico.
No último dia 18 de dezembro, Feliciano recorreu da expulsão ao comando nacional da sigla, reabrindo o caso. O parlamentar pediu para continuar no Podemos, apesar de ter sinalizado anteriormente que não tentaria reverter a decisão, e para alterar o motivo da saída caso a expulsão fosse confirmada.
A expulsão foi efetivada na tarde desta segunda-feira (6) em reunião na capital paulista. A presidente nacional do Podemos, Renata Abreu (SP), defendeu que os motivos da expulsão fossem alterados após ter sido surpreendida pela extensão da decisão tomada pela direção estadual, comandada pelo vereador Mario Covas Neto.
Feliciano comemorou ter sido expulso por apoiar o presidente Bolsonaro. "Reafirmo aqui que para mim é motivo de orgulho ser expulso do Podemos por defender o presidente Bolsonaro, que está mudando o Brasil para melhor", afirmou Feliciano em nota.