SENADOR LICENCIADO

Juízes pedem que Cid Gomes seja denunciado por tentativa de homicídio

Entidade de juízes alega que Cid Gomes teve ''intensão dolosa'' ao avançar com retroescavadeira contra policiais

Estadão Conteúdo
Cadastrado por
Estadão Conteúdo
Publicado em 21/02/2020 às 14:59
Foto: Wellington Macedo/Divulgação
Entidade de juízes alega que Cid Gomes teve ''intensão dolosa'' ao avançar com retroescavadeira contra policiais - FOTO: Foto: Wellington Macedo/Divulgação
Leitura:

A União Nacional dos Juízes Federais do Brasil (Unajuf) pediu ao procurador-geral da República Augusto Aras que denuncie o senador licenciado Cid Gomes (PDT), de 56 anos, por tentativa de homicídio qualificado "com emprego de meio resultante em perigo comum" e de "impossibilidade de defesa das vítimas".

O pedido tem relação com o episódio em que o senador foi atingido por dois tiros de pistola ao tentar derrubar, a bordo de uma retroescavadeira, o portão de um quartel da Polícia Militar ocupado por soldados grevistas e seus familiares em Sobral, no interior do Ceará, na quarta-feira, 19.

A representação protocolada nesta quinta-feira, 20, junto à Procuradoria-Geral da República alega que, "com intenção dolosa, previamente orquestrada e amplamente anunciada", Cid "arremessou" a retroescavadeira contra as pessoas que se colocavam em frente ao portão do quartel da PM em Sobral.

No mesmo dia os deputados federais Capitão Wagner (Pros-CE), Major Fabiana (PSL-RJ) e Capitão Alberto Neto (Republicanos-AM) registraram boletim de ocorrência contra Cid Gomes sob a justificativa de que o senador atentou contra a vida dos policiais militares em Sobral.

>> Ciro Gomes chama família Bolsonaro de 'canalhas' em resposta a Eduardo; entenda

>> Mergulho em tanque de adutora e críticas a Lula: Relembre polêmicas envolvendo Cid Gomes 

O texto da Unajuf transcreve fala do senador que, em frente ao quartel, pediu que os manifestantes deixassem o prédio, usando um megafone. "Esse movimento é ilegal. Vocês têm cinco minutos para pegarem seus parentes e saírem daqui em paz. Cinco minutos " Houve confusão. Enquanto Cid e seus apoiadores estavam de um lado do portão, homens encapuzados ficavam do outro lado.

Segundo a Unajuf, o meio utilizado por Cid "indica um real e potencial risco do evento morte daqueles que ali estavam". A entidade argumentou ainda que os dois tiros de pistola calibre 40 que atingiram a região do tórax de Cid se trataram de "legítima defesa". O senador recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital do Coração de Sobral nesta quinta e fica agora aos cuidados da enfermaria.

"Pela rápida ação dos que ali estavam, houve a legítima defesa de uma ou mais vítimas, que fizeram cessar a carnificina eminente, realizando disparos de projéteis de arma de fogo rumo ao autor do fato, que por sorte ou perícia dos que realizaram se logrou êxito contra o agente criminoso, tanto que só assim cessou a conduta hedionda", pontua a representação.

O comando da PM do Ceará trata dos disparos também como tentativa de homicídio.

Ao fim da representação, a Unajuf pede, caso a PGR não entenda que é o caso de promover ação penal, que seja instaurado inquérito do Ministério Público para colher elementos sobre o episódio.

Tensão

A tensão envolvendo o governo cearense e policiais militares e bombeiros começou por uma demanda de reajuste salarial em dezembro. Quatro batalhões da PM foram atacados, segundo o governador do Estado, Camilo Santana (PT), aliado político de Cid.

As ações foram executadas por encapuzados. O governo suspeita que os responsáveis sejam policiais. Por isso, Santana solicitou o apoio de tropas federais para reforçar a segurança.

>> ''Aqueles policiais não eram grevistas, eram milicianos'', diz Túlio Gadêlha sobre caso Cid Gomes

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou na quarta o envio da Força Nacional de Segurança Pública para o Ceará. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro autorizou o emprego das Forças Armadas no Estado.

Os ministros do Supremo criticaram nesta quinta a paralisação dos PMs em Sobral, sob a alegação de que o movimento é "ilegal". A Constituição Federal proíbe a sindicalização e a greve de militares.

Últimas notícias