Filho do ex-deputado federal e ex-presidente do PP Pedro Corrêa, o advogado Fábio Corrêa Neto prometeu processar o juiz federal Sérgio Moro por ter expedido um mandado de condução coercitiva para que a esposa dele, Márcia Danzi Corrêa, fosse prestar esclarecimentos à Polícia Federal. A PF apura se ela teria sido usada como laranja para receber dinheiro desviado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
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"Vou processar o juiz e processar a União. Vou tomar uma medida", prometeu ao JC. "Isso é um abuso de poder desse juiz porque esse cara é um irresponsável", afirma. Fábio alega que Moro está invadindo a competência do Supremo Tribunal Federal (STF) porque já há uma investigação contra Côrrea por citação na Lava Jato.
"Eu vou processar a União e quem vai pagar é o contribuinte. Não é ele que paga. Se fosse ele que pagasse, ele ia repensar essa atitude", dispara o filho contra Sérgio Moro.
Ele também critica o mandado de prisão preventiva para que o pai seja levado para depor em Curitiba, já que Pedro Côrrea está preso, em regime semi-aberto, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), em Canhotinho, após ter sido condenado no Mensalão.
"Ele não pode se evadir. Ele já está lá [em Canhotinho]. Se fosse para fugir, ele já teria fugido há muito tempo. É só para aparecer", se queixa.
A PF investiga se Pedro Côrrea teria usado a nora, Márcia , e o ex-funcionário Jonas Aurélio de Lima Leite como laranjas para receber dinheiro do esquema da Petrobras. A dupla foi ouvida nesta sexta-feira (10) após mandados de condução coercitiva executados no Recife e em Caruaru.
Márcia Côrrea foi ouvida por cerca de duas horas na sede da Superintendência da Polícia Federal em Pernambuco, no Bairro do Recife. Ela negou qualquer envolvimento nas acusações. Os policiais ficaram com o aparelho celular e com um tablet dela.
Segundo Fábio, os policiais federais alegaram que foram feitos dois depósitos na conta dela que seriam para pagar propina ao ex-deputado. "Não disse quando foi, não disse quando foi, qual foi a empresa que passou esse dinheiro. Não tem nada", rebate.
A Polícia Federal chegou por volta das 6h30 da manhã no prédio onde Márcia e Fábio vivem em Boa Viagem. O apartamento deles e outro de propriedade da família que estava fechado foram revistados e vários documentos foram recolhidos.
Com o elevador quebrado, os policiais subiram nove andares de escada. Eles também coletaram informações sobre três contas bancárias no nome de Pedro Côrrea. Fábio acompanhou a esposa durante o depoimento.
EX-FUNCIONÁRIO - Em Caruaru, Jonas Leite, que trabalhou em uma Fazenda da família Côrrea, foi surpreendido pela ação da PF e buscou colaborar com a investigação. Ele cedeu documentos que o superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Marcello Diniz Cordeiro, classificou como "interessantes".
"Não posso falar o que é porque está sob segredo de Justiça. Mas são interessantes. Inclusive, podem envolver até a questão eleitoral. Vamos verificar", disse.
Toda a documentação recolhida deve ser enviada para Curitiba até a próxima segunda-feira (13). Ao todo, 20 policiais federais atuaram na operação no Estado, sendo um de Brasília e outro de Curitiba.
Pedro Côrrea é acusado por Paulo Roberto Costa de ter recebido R$ 5,3 milhões por meio do esquema de desvio na Petrobras. O repasse foi classificado como extraordinário.
Um pedido de prisão preventiva contra o ex-deputado também foi solicitado junto ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda não se posicionou sobre a possibilidade de Côrrea ser transferido para o Paraná.