Deputados que integram a CPI da Petrobras realizaram, nesta segunda (18), uma vistoria na Refinaria Abreu e Lima, em Suape, em Ipojuca, Grande Recife. Os parlamentares vieram verificar pessoalmente como as denúncias de corrupção estão afetando o funcionamento do empreendimento. Cinco pessoas que já trabalharam na refinaria em cargos de gerentes e em funções de licitações serão chamadas para depor na CPI, em Brasília. Os depoimentos começam em 15 dias.
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"A equipe da Petrobras nos esclareceu informações importantes no sentido de como se davam os processos licitatórios, processos da construção da refinaria, de como partiu, de onde partiu. Se essa definição foi política ou se foi estratégica. Coisas importantes para a gente ter uma conclusão final nesse relatório. Isso já abriu muitas portas, conseguimos ter informações muito boas para que a gente possa com isso levar para Brasília", afirmou o deputado Kaio Maniçoba (PHS-PE).
Segundo o parlamentar, há indícios de que os funcionários que atuam na refinaria não estejam envolvidos no esquema de corrupção, que isso teria partido do alto escalão da petroleira. "Tem pessoas que chegaram aqui para tentar solucionar problemas que já haviam. Eles não sabiam como isso funcionava na parte de quem fazia essa roubalheira, de quem estarão fraudando informações. Chegavam com os papéis prontos, não sabiam de que forma era feito um projeto, de que forma eram colocadas as empresas", acrescentou Maniçoba.
O custo da refinaria também deve ultrapassar os US$ 20 bilhões, segundo os parlamentares. O valor será de 8% a 10% maior que o previsto. Vários setores da empresa estão parados. O que causa maior prejuízo, na opinião dos deputados, é a segunda planta. A capacidade de produção é de 239 mil barris por dia, em pleno funcionamento, mas hoje a Abreu e Lima opera apenas 74 mil barris diários.
"Tem algumas partes do trem 1 (planta 1) que falta licença ambiental e não pode funcionar na sua capacidade de 90 mil barris por dia. Hoje, a gente está funcionando com 70% da sua capacidade", acrescentou o parlamentar.
Ainda de acordo com os deputados, a Petrobras vai informar, em junho, um plano de negócios para reerguer as obras que estão paradas e também deverá abordar a gestão da estatal. "Mas ainda terá a licitação, a parte de plano de projeto. Vai demorar bastante tempo. É mais prejuízo que vamos ter", explicou Maniçoba.
Esta foi a quinta visita que a CPI da Petrobras fez a locais onde há denúncias de corrupção. Os parlamentares deverão voltar a Pernambuco para verificar como os desvios de recursos afetaram o Estaleiro Atlântico Sul.