A Executiva nacional do PSB deliberou, nessa quarta-feira (14), continuar com uma postura independente em relação à gestão Dilma Rousseff (PT). Com a decisão, na prática, o partido assume um perfil oposicionista e segue disparando contra a administração petista ao mesmo tempo em que tenta evitar ser comparado ao PSDB e DEM nas críticas ao governo federal. “A nossa decisão foi de ter o papel de independência crítica. Estamos na oposição desde que rompemos com o PT, mas a nossa forma de oposição é propositiva”, falou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Vice-presidente nacional do PSB, o governador Paulo Câmara (PSB) não participou da reunião da Executiva nacional devido a duas agendas administrativas no Estado, mas endossou a decisão dos colegas de partido. “Não devemos ser oposição por oposição. O PSB tem um papel, uma relevância e a manutenção da indepenedência com a postura crítica é o melhor caminho a ser tomado”, avaliou.
Para o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), que também é secretário-geral do partido, os socialistas têm um viés oposicionista desde 2013, quando o ex-governador Eduardo Campos desembarcou da aliança com o PT para ser candidato a presidente da República. “A gente já é oposição. Ficou uma celeuma na reunião de hoje (ontem), mas a gente não votou no governo no primeiro turno, quando fomos com Marina Silva (Rede), e nem no segundo, quando apoiamos Aécio Neves (PSDB)”, analisou.
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O cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco, elenca três razões para o PSB evitar aderir formalmene à oposição. “O partido tem sofrido pressão dos seus governadores - Paulo Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF) e Ricardo Coutinho (PB) -, que têm razões para serem independentes e assim fazerem críticas pontuais ao governo, mas não querem criar dificuldades com o governo federal no âmbito administrativo", avaliou.
Segundo o estudioso, o PSB também tenta reforçar um distanciamento em relação ao DEM e PSDB. "A independência também é uma forma de se diferenciar de forças políticas ao centro e à direita. A identificação com determinados partidos poderia trazer prejuízos à imagem construída pelo PSB ao longo dos tempos, que é mais à esquerda", pontuou.
Túlio Velho Barreto ainda destaca um fator conjuntural, já que o atual cenário é de indefinições. "O PSB tomou uma decisão no momento em que o STF (Supremo Tribunal Federal) deu cobertura ao governo federal em relação ao processo de impeachment no Congresso. Não é um momento propício para tomar uma posição sem saber direito para onde o vento vai soprar e a independência parece caber como uma posição temporária”, avaliou.
Apesar de pregar uma postura propositiva, logo após a reunião desta quarta-feira, os socialistas divulgaram um documento com críticas ao governo federal. Para o PSB, a presidente Dilma Rousseff errou a mão em seu pacote de ajuste fiscal e prejudica Estados e municípios ao não liberar o acesso a operações de crédito.
Na resolução aprovada pela Executiva nacional, os dirigentes reafirmam que o PSB terá candidato próprio a presidente da República em 2018, tentando reforçar ainda mais a distância do PSDB, que também mira o posto.
IMPEACHMENT - Recentemente, Carlos Siqueira informou que a bancada federal do PSB estava inclinada a apoiar o processo de impeachment da presidente, mas esse discurso começa a mudar. "O impeachment nunca foi uma bandeira do partido. A mudança pela mudança não interessa ao País", falou.
No documento divulgado pelo partido, também há o reforço de que os socialistas lançarão candidaturass próprias nas capitais e cidades-polo de todos os Estados nas eleições de 2016 e na eleição presidencial de 2018.