CRISE POLÍTICA

No Recife, 83,5% apoiam Operação Lava Jato, aponta IPMN

Apesar do apoio, 23,8% dos entrevistados é a favor da interrupção dos trabalhos se isso significar melhora na economia

Marcela Balbino
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Publicado em 12/04/2016 às 0:32
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Pesquisa IPMN - Abril

Em curso há mais 2 anos, a Operação Lava Jato escancarou negociatas entre políticos, empresários e executivos da Petrobras, num esquema que movimentou mais de R$ 6,4 bilhões em propina. Até hoje, as ações se desdobraram em 93 condenações decretadas e 53 políticos das mais variadas matizes partidárias investigados. Em meio à atual polarização do cenário político, oito em cada dez recifenses (83,5%) são favoráveis às investigações em curso. Os números fazem parte de levantamento elaborado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), divulgado em parceria com o JC.

Independente do resultado do pedido de impeachment, em curso na Câmara dos Deputados, a expectativa dos entrevistados é que, mesmo que Dilma seja afastada, a Lava Jato deve manter as investigações. No entanto, quando a questão econômica é trazida à baila, mais de um quinto dos entrevistados (23,8%) defende que os políticos se unam para frear a operação caso isso signifique melhoria no cenário econômico. “Pode parecer pouco, mas é bastante relevante. O dado aponta que as pessoas preferem trocar o combate à corrupção pelo equilíbrio na economia”, explica  o professor da UFPE, Adriano Oliveira, coordenador da pesquisa.

De março de 2014 até hoje, a investigação já se desdobrou em 27 fases e escancarou a vida de figurões do País. Dos 91,8% dos entrevistados que têm conhecimento sobre a Lava Jato, 60% avaliam as investigações como imparciais, enquanto 26,3% vêem partidarização no processo. A super exposição dos trabalhos combinados ao aprofundamento das investigações contribuem para o aumento da simpatia dos recifenses pela operação. Na última pesquisa, divulgada no fim de fevereiro, o apoio à Lava Jato era 71,8%. De lá para cá, houve aumento de 11,7% no percentual de simpatizantes.

EFEITO PEDAGÓGICO

Por outro lado, ainda é grande a descrença com o efeito pedagógico que as investigações podem repercutir no meio político. Mais da metade dos ouvidos (54,6%) avaliam que a Operação Lava Jato “não mudará o comportamento dos políticos”. No entanto, a virada pode vir das urnas. A avaliação é que com os holofotes voltados para as falcatruas cometidas por alguns políticos o comportamento dos eleitores pode ser mais crítico.

O professor Adriano Oliveira chama atenção para o dado que os recifenses confiam pouco nos políticos. Para 72,8% dos entrevistados, aqueles que têm mandato vão “dar um jeitinho” para enfraquecer ou acabar com a Lava Jato. Isso representa que a cada 7 pessoas, 10 acreditam no arrefecimento das ações, em função da pressão política. “Isso mostra baixa confiança dos políticos. Eles não gostam de ser investigados e cria essa opinião da Lava Jato”, explica.

O instituto ouviu 624 pessoas nos dias 4 e 5 de abril. As entrevistaram foram realizadas no Recife. A margem de erro é de quatro pontos para mais ou para menos. Do total de entrevistados, 55,3% são mulheres e 48,9% têm ensino médio completo ou superior incompleto. 

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