HISTÓRIA DAS ELEIÇÕES NO RECIFE

No Recife, prefeitos biônicos flertam com a esquerda

'Tupamaros' e pontes com o PMDB marcam abertura das gestões Gustavo Krause e Joaquim Francisco

Marcela Balbino e Paulo Veras
Cadastrado por
Marcela Balbino e Paulo Veras
Publicado em 17/08/2016 às 7:31
Foto: Arquivo JC Imagem
FOTO: Foto: Arquivo JC Imagem
Leitura:

Cada um a seu modo, os últimos prefeitos “biônicos” souberam ser pragmáticos e flertar com a esquerda para viabilizar suas administrações na fase de abertura política.

Militantes do Partido Comunista ou da esquerda pastoral, ligada ao arcebispo Dom Hélder Câmara, ajudaram a compor um conselho administrativo na gestão Gustavo Krause. Eram os “tupamaros”, apelido que fazia referência ao grupo paramilitar marxistas do Uruguai. O núcleo de auxiliares diretos do prefeito transitava entre líderes comunitários, padres e até pais-de-santo, ajudando o gestor de direita a desenvolver projetos populares. “Nunca pedi atestado ideológico de ninguém. Os meus consultores eram quase todos da esquerda”, admite o ex-prefeito.

Uma dessas “guerrilheiras” foi a hoje conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Teresa Duere. “Era um grupo de esquerda realmente. Alguns deles foram exilados. Ele chamou a gente para fazer um trabalho com toda a autonomia, sem nenhuma vinculação política. Foi assim que a gente construiu mais de 600 ruas”, relembra.

A aproximação não passou incólume pela direita mais conservadora. Cada vez que um dos “tupamaros” era nomeado pelo prefeito, o Serviço Nacional de Informação (SNI) pedia explicações a Krause. “Diziam que, se a gente gostava de Gustavo, era melhor se afastar um pouco porque ele estava sendo pressionado pelo SNI”, admite Duere. Enquanto parte da direita “fritava” o prefeito, os “tupamaros” faziam panfletagens e grafites anônimos em defesa do gestor.

Nomeado no fim do regime, Joaquim Francisco encontrou um PMDB majoritário na Câmara do Recife, com 22 dos 33 vereadores. Liberato Costa Júnior presidia o Legislativo. Para driblar a resistência, fez gestos à oposição.

A lei da época só obrigava os prefeitos sem vice a passar o comando da cidade para o presidente da Câmara quando ausentes por mais de 15 dias. Joaquim fez questão que Liberato assumisse todas as vezes, mesmo que por um dia. Outros vereadores do MDB também foram prestigiados, azeitando a relação com a Câmara. “Na época, foi considerado totalmente inusitado, mas os conselhos das empresas municipais tinham nomes da oposição”, lembra o ex-prefeito, citando a URB, a Emprel e a CTU.

“Ele realmente fez uma ponte com a oposição mais branda. O PMDB tinha maioria e formalmente seria oposição. Mas, na verdade, Joaquim tinha um certo domínio na Câmara”, admite o deputado federal Cadoca, que fazia oposição mais dura na Câmara.

Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem
Foto: Arquivo JC Imagem
- Foto: Arquivo JC Imagem

Últimas notícias