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João Paulo montou secretariado para combater as desconfianças

Petista convidou nomes que dessem densidade à gestão e que quebrassem o laço com a gestão anterior, de Roberto Magalhães

Mariana Araújo
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Mariana Araújo
Publicado em 20/08/2016 às 6:11
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Com vitória nas urnas, o PT iniciou um esforço para construir uma equipe de secretariado que desse credibilidade à gestão. Sem experiência no Executivo, a ida de João Paulo para a Prefeitura do Recife era tratada nos bastidores como uma grande incógnita. Para reverter esse quadro, foram convidados nomes que dessem densidade à gestão. Era preciso quebrar laços com a gestão anterior, principalmente na maneira de governar.

Para a tarefa, foram chamados nomes como Tânia Bacelar para a pasta de Planejamento, Humberto Costa para Saúde, Edla Soares para Educação, Mauricio Rands para Assuntos Jurídicos, José Ailton para Serviços Públicos, Danilo Cabral para administração e Reginaldo Muniz para Finanças. “João Paulo e Luciano Siqueira convidaram pessoas que eram de suas respectivas áreas, algumas do PT, do PCdoB e do PSB, e pessoas como eu que não tinham filiação partidária”, explica Tânia Bacelar.

“João Paulo não era nem é um gestor afeito a um planejamento, um controle rigoroso. Ele se apoiou numa equipe que sabia fazer isso e com uma enorme sensibilidade para os problemas da população”, avalia Luciano Siqueira (PCdoB), vice do petista nas duas gestões.

Para acompanhar mais de perto os trabalhos, o prefeito criou um núcleo de gestão. “Aprendi ser esta uma das características das administrações do PT, ter um grupo de coordenação-geral. Como a equipe é muito grande e em geral heterogênea, esse grupo menor se reúne com mais frequência e apoiava mais de perto o prefeito nas decisões. Mas gera um certo desconforto na equipe, pois os demais se sentem meio em segundo plano”, acrescenta Tânia.

“Eu talvez tenha sido o prefeito que me elegi com a melhor condição na cidade do Recife. Eu fui candidato numa aliança com o PCdoB, que era o maior partido e era ultrapequeno, onde ninguém acreditava na possibilidade de vitória. Quando eu fui para o segundo turno e ganhei a eleição, isso me deu uma autonomia muito grande para compor o governo”, acrescenta o ex-prefeito.

BARREIRAS

Tânia Bacelar analisa que o momento de ruptura com o governo anterior, para montar a estrutura esquerdista do PT, esbarrou em algumas questões. “Participei do começo da administração e não foi fácil construir o Plano Plurianual, por exemplo. O controle urbano é sempre foco de resistência. Todos querem que se controle, desde que sejam os outros a serem controlados. Tentamos, por exemplo, regular a propaganda e os anúncios apinhados nos corredores de maior visibilidade, mas não tivemos apoio. O plano de melhoria das calçadas também não andou e até hoje a cidade não consegue resolver este problema. A construção da Lei dos 12 Bairros também foi alvo de grandes debates e muita resistência, mas contou com o apoio firme de lideranças e parte importante dos habitantes daqueles bairros”, lembra a ex-secretária.

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