A segunda eleição de João Paulo foi mais tranquila, observando o ponto de vista do resultado eleitoral. O petista derrotou o principal adversário, Carlos Eduardo Cadoca (então no PMDB), no primeiro turno, com 56,11% dos votos. Mas não é porque foi mais folgada que a campanha foi menos turbulenta. Uma moradora de Brasília Teimosa, Maria do Socorro, acabou tornando-se o centro das atenções.
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No PMDB, os problemas começaram na escolha da candidatura. O então governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) queria Raul Henry, mas Cadoca disputou espaço e venceu a briga interna no partido. Jarbas não se envolveu tanto na campanha como fizera com Roberto Magalhães. Tanto que, ao longo do processo eleitoral, os dois romperam politicamente e ficaram sem se falar por dez anos. Os laços foram retomados recentemente.
A seu favor, João Paulo tinha a parceria com Lula. A orla de Brasília Teimosa, na época da campanha, já estava sem palafitas, com a urbanização em andamento e os habitacionais sendo construídos.
MARIA DO SOCORRO
A entrada de Maria do Socorro na campanha se deu no guia de Cadoca. Primeiro, ela apareceu no espaço do peemedebista afirmando que as ações de João Paulo em Brasília Teimosa não eram tão fantásticas como o petista apresentava. Poucos dias depois, ela reapareceu no guia, desta vez no de João Paulo, afirmando que teria sido procurada pela equipe de Cadoca. A moradora disse que foi recebida pela mulher do candidato, Berenice Andrade Lima, e que ela teria lhe oferecido ajuda jurídica para um filho que estava preso, além de apoio financeiro.
Após isso, Maria do Socorro foi encontrada em um manguezal, amarrada e com sinais de tortura. Foi aberto um inquérito policial. O advogado que a defendia, Dominici Mororó, foi perseguido por um carro da Casa Militar, parte da polícia destinada à segurança do governador.
“Quem disputa uma eleição sabe que ganhar ou perder faz parte do jogo. Em 2004, o eleitor fez a sua opção e eu respeito o resultado das urnas, que é soberano. Sobre as controvérsias e polêmicas que ocorreram ao longo da campanha, foram devidamente tratadas e respondidas no momento adequado, que foi aquele período eleitoral e pós-eleitoral”, comentou Cadoca, através de nota.
O segundo mandato, para João Paulo, foi mais fácil. “A gente já tinha uma caminhada, tinha tido experiências”, diz.
Se no lado administrativo João Paulo teve mais tranquilidade, no lado político, os problemas internos no PT emergiram. “No primeiro mandato, não havia uma preocupação com disputas internas, com as próximas eleições, quem iria ser o que. Já no segundo mandato, já havia uma expectativa com relação à sucessão”, avalia Humberto Costa.