Denúncia de superfaturamento na contratação de artistas para o São João de Gravatá, no Agreste pernambucano, levou a 1ª Promotoria de Justiça do município a instaurar inquérito civil para apurar o caso. Um dos fatos que chamou a atenção do promotor João Alves de Araújo foi o cachê oferecido à banda Aviões do Forró, que tem como vocalista o cantor Xand e que se apresentou no último sábado (17/06). O contrato teria sido de R$ 280 mil, o dobro do valor pago por Caruaru (R$ 140 mil) no início do mês. A prefeitura e a banda negam irregularidades.
A procuradoria solicitou informações do prefeito Joaquim Neto (PSDB) e cópias de procedimentos licitatórios da Secretaria Municipal de Turismo. “O representante do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) chama a atenção para o fato de ter emitido, em 7 de fevereiro deste ano, a Recomendação nº 001/2017, fazendo advertências, ponderações, observações e determinações quanto aos cuidados, princípios administrativos e limitações no gasto com verbas públicas na contratação de artistas e bandas nas festividades periódicas em Gravatá”, destaca o Ministério Público Estadual.
A Prefeitura Municipal de Gravatá, através da Secretaria de Turismo esclarece que “o valor de R$ 280 mil pago à banda Aviões do Forró foi referente a um show exclusivo para cidade, conforme nota fiscal número 980, disponível no Portal da Transparência”. O governo explica também que “o custo das passagens aéreas estava incluso no cachê, assim como toda estrutura trazida pela banda”. No dia da apresentação, a cidade teve recorde de público, 70 mil pessoas passaram pelo evento segundo cálculo da PM, “o que contribuiu para o aumento das vendas do comércio e da rede hoteleira”, observa.
A Banda Aviões do Forró também divulgou nota de esclarecimento sobre a divergência de valores entre os eventos em Caruaru, no dia 4 de junho, e em Gravatá, no dia 17 do mesmo mês. “É de domínio público que os eventos artísticos havidos no período junino, no Nordeste, possuem como periodicidade de maior concorrência, aquela ocorrida a partir da segunda quinzena de junho. Nesse período de especificidade local o valor dos cachês musicais e das próprias despesas estruturais (palco, som, iluminação, hospedagem, etc), ficam excessivamente majorados, elevando, de efeito, o custo dos deslocamentos”.
Diz ainda o comunicado que “em Gravatá a apresentação se deu em um dia de sábado, o que, também por tradição das apresentações artísticas, interfere no valor cobrado”. Alega ainda que além de ter sido no domingo, o show de Caruaru foi realizado aproveitando-se o retorno de um trajeto, “diminuindo, assim, seus custos de logística”. Para atender ao evento de Gravatá, o grupo “teve que contratar serviços de traslado aéreo extraordinário, de modo a compensar questões de logística, o que onerou, consideravelmente o seu custo”.
Em Carpina, na Zona da Mata Norte, a polêmica é com o show do cantor Wesley Safadão, que teria sido contratado por R$ 450 mil pela prefeitura do município. A apresentação está prevista para o dia 28 de junho, véspera de São Pedro. A cidade é administrada por Manuel Severino da Silva, conhecido como Botafogo (PDT). Em 2016, a contratação de Safadão pela Prefeitura de Caruaru também gerou problema com a Justiça, que questionou o gasto do poder municipal.