Justiça eleitoral

Redução de zonas eleitorais vai favorecer poderosos

O reforço ao coronelismo, já denunciado por servidores da Justiça Eleitoral, também é visto também por deputados como uma das consequências

Editoria de Política
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Publicado em 28/06/2017 às 6:27
JC Online
O reforço ao coronelismo, já denunciado por servidores da Justiça Eleitoral, também é visto também por deputados como uma das consequências - FOTO: JC Online
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A extinção de zonas eleitorais, como deseja o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deve favorecer grupos que dominam o poder econômico. Deputados estaduais da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de Pernambuco chegaram a essa conclusão, ontem, depois da audiência realizada para debater o assunto, provocada pela pressão de associações de promotores, magistrados e servidores da Justiça Eleitoral.

“Grupos que abusam do poder econômico estão aplaudindo essa medida”, alertou Rodrigo Novaes (PSD), observando que, com o fechamento de cartórios eleitorais, o cidadão com dificuldade de deslocamento terá que recorrer aos poderosos locais, com recursos ou detentor da máquina pública, para obter o transporte a outro município, tornando-se “suscetível a essa vantagem”.


“É um desprezo ao eleitor”, classificou Romário Dias, do mesmo partido. O deputado Aluísio Lessa (PSB) lembrou a necessidade de pressionar os pares federais, governadores, associações de prefeitos e vereadores, além de engajar os eleitores. “ A gente não pode ficar refém de Gilmar Mendes (presidente do TSE) e dos que rezam na sua cartilha”, asseverou Lessa. Terezinha Nunes (PSDB), que convocou a audiência, defendeu que o TRE suspenda a extinção já iniciada. Ela vai redigir um documento e recolher assinatura de todos os deputados para encaminhar o protesto ao TSE.

Para o presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça Federal, Euler Pimentel, o “desmonte” reforçará o coronelismo no interior, sem a presença de juízes e promotores eleitorais em parte dos municípios. Cruzes foram levadas à Alepe pelos trabalhadores, em referência às zonas ameaçadas. Na sexta (30/06), dia de greve geral contra as reformas trabalhistas e da Previdência convocada por centrais sindicais, os servidores do TRE vão iniciar a mobilização protestando contra o rezoneamento, considerado, por eles, como mais uma ação que ataca o serviço público e a carreira na área.

Em Pernambuco, 26 municípios podem perder a única zona eleitoral

O TRE fechou este mês três das 14 zonas do Recife e faz um plano para atender às determinações do Tribunal Superior. Mais 33 atendem aos critérios e 26 municípios perderiam a única zona existente (Ipubi, Jataúba, Pedra, Angelim, Cachoeirinha, Condado, Cumaru, Cupira, Gameleira, Glória do Goitá, Joaquim Nabuco, Jurema, Lagoa dos Gatos , Macaparana, Maraial, Orobó, Panelas, Primavera, Riacho das Almas, Sanharó, São João, São Joaquim do Monte, São Vicente Férrer, Sirinhaém, Toritama e Vertentes). Camaragibe, Goiana, Caruaru, Paulista, Petrolina, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, de maior porte, podem perder também uma das zonas existentes.

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