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Pragmatismo político marca trajetória de Fernando Bezerra Coelho

Senador se desfiliou do PSB após 12 anos na sigla para ingressar no PMDB

Mariana Araújo
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Mariana Araújo
Publicado em 05/09/2017 às 16:54
Foto: Agência Senado
Senador se desfiliou do PSB após 12 anos na sigla para ingressar no PMDB - FOTO: Foto: Agência Senado
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Após 12 anos filiado ao PSB, o senador Fernando Bezerra Coelho anunciou nesta terça-feira (5) o anúncio de filiação nas fileiras peemedebistas. A mudança de legenda em si não é uma novidade na trajetória política do petrolinense. Bezerra Coelho ingressou na vida pública pelo extinto PDS, pelas mãos do ex-governador Roberto Magalhães. Em 1986, aliou-se ao também ex-governador Miguel Arraes migrando para o PMDB, onde permaneceu por logo período. Esteve ao lado do ex-ministro Ciro Gomes no PPS para, então, entrar no PSB. 

As passagens por legendas tão distintas constroem uma imagem de um político pragmático e que conhece os atalhos do relacionamento com o poder.

“Há políticos com características ideológicas e há outros no campo pragmático. Ele entende o jogo de poder como poucos e não se contenta em ser comandado. Ele é inquieto e ambicioso, a questão do partido não é impedimento”, diz um ex-aliado em reserva, que já dividiu palanque com Bezerra Coelho.

“Ele já passou por todas as agremiações de poder do País. A única coincidência era a perspectiva de poder”, acrescenta outro ex-colega de partido. “Está claro que ele entra no PMDB para ter o controle do partido. Ele não sairia do PSB para ficar submetido a Jarbas”, diz um nome da política pernambucana.

ROTAÇÃO PRÓPRIA

A sua chegada no PMDB levanta a bandeira de que Fernando poderá liderar um projeto próprio de disputar o governo do Estado, já que sempre esteve nas sombras das alianças.

Bezerra Coelho conhece o poder de perto. Oriundo de uma família de tradição política no Sertão do São Francisco, foi três vezes prefeito da sua cidade natal, Petrolina. Também foi deputado estadual e federal. No Executivo, ocupou a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e a presidência do Complexo Industrial Portuário de Suape no primeiro governo de Eduardo Campos, ficando à frente das principais obras estruturadoras do Estado no período de maior crescimento da economia. Indicado por Eduardo para ser ministro da Integração Nacional, no primeiro governo de Dilma Rousseff (PT), comandou uma das maiores obras do País, a Transposição do Rio São Francisco.

Agora, dá um pulo para uma candidatura que acabou preterido há três anos: o governo do Estado. Fernando Bezerra Coelho era um dos nomes da lista de Eduardo Campos para ocupar a principal cadeira do Palácio do Campo das Princesas. Assim como outros socialistas – entre eles Danilo Cabral e Tadeu Alencar, hoje deputados federais – viu seu nome ser ultrapassado pelo do discreto secretário da Fazenda Paulo Câmara.

Três anos depois, busca de novo cavar seu espaço. A insatisfação de Bezerra Coelho com a equipe montada por Paulo ficou evidente desde o início do mandato do socialista. O senador queria emplacar um de seus filhos em uma secretaria de destaque. Mas nem Fernando Filho, eleito deputado federal e hoje ministro de Minas e Energia, nem Miguel Coelho, que ingressou na Assembleia Legislativa e ano passado foi eleito prefeito de Petrolina, foram nomeados para a equipe do Executivo.

O fato é que depois de colocar os pés em Brasília, calculadamente ou não, Fernando Bezerra Coelho não se entende mais com a Executiva Nacional do PSB. Nos bastidores, é sabido que articula o fortalecimento do nome do vice-governador de São Paulo, Márcio França, para assumir a presidência do partido.

E talvez a gota-d’água no desentendimento tenha sido a indicação do nome do seu filho, Fernando Bezerra Filho, para o cargo de ministro do governo de Michel Temer (PMDB), à revelia do partido. Bezerra Coelho também tem apresentado votos contrários às orientações do PSB, como diante das reformas propostas por Temer.

O que pode pesar desfavoravelmente são as denúncias contra ele na Operação Lava Jato. Em julho deste ano, a Procuradoria-Geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal que fosse aberta investigação contra o senador. A denúncia, feita em outubro de 2016 com base em relações de executivos da Odebrecht , é de suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Foram constatadas irregularidades na construção da Refinaria de Abreu e Lima.

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