José Neto: conheça o homem forte da gestão Paulo Câmara

José Neto é amigo de Paulo Câmara há 22 anos e pode se tornar o secretário mais poderoso do governo do Estado
Paulo Veras
Publicado em 15/10/2017 às 8:30
José Neto é amigo de Paulo Câmara há 22 anos e, hoje, é cotado até para sucedê-lo. Foto: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


“O governador é canhoto”, desconversa José Neto, sorrindo, sobre a fama de ser o braço direito de Paulo Câmara (PSB). Amigo pessoal do governador por quase metade dos seus 46 anos, o advogado passou a última década atuando como auxiliar de Paulo nas secretarias de Administração e Fazenda, como chefe da Assessoria Especial e, agora, como o número 2 na Secretaria da Casa Civil, a mais poderosa do governo. Em abril do ano eleitoral, deve virar o titular da pasta responsável pela articulação política quando Nilton Mota (PSB) deixar o cargo para disputar a reeleição de deputado estadual.

José Neto lembra a data exata em que conheceu Paulo Câmara: 15 de março de 1995. Foi o dia em que ambos tomaram posse como auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Se deram bem desde o início e se tornaram amigos próximos, de almoçar um na casa do outro. Em 2007, quando Paulo virou secretário no primeiro governo Eduardo Campos, o advogado não imaginava que um dia veria o colega chefiar o Palácio do Campo das Princesas. Foi para ajudar e acabou se consolidando como homem de confiança de Paulo. Mesmo assim, ele toma cuidado para falar do governador apenas no âmbito administrativo. “Uma pessoa com uma olhar diferenciado para as contas públicas, fundamental no momento político e econômico em que vivemos”, descreve.

O trânsito pelo coração do governo não é exatamente novidade, já que José Neto assumiu seu primeiro cargo público aos 19 anos como oficial de gabinete na gestão do tio, o ex-governador Joaquim Francisco (hoje no PSDB). Ele dividia as tarefas com Bruno Araújo (PSDB) e Mendonça Filho (DEM), hoje ministros na oposição ao governo Paulo. Neto admite que cursou Direito estimulado pelas discussões públicas, mas garante que não planeja disputar eleições e não é filiado a partido político. Quando deixar o governo, voltará a advocacia e ao TCE, assegura.

“Ele teve a oportunidade no governo (de disputar eleição). Mas a motivação dele sempre foi mais no campo tecnolítico, sem ir para a linha de frente. Ele talvez não tenha ainda desabrochado totalmente essa vocação política. Embora tenha espírito público, não quis ainda saborear o gosto das urnas”, afirma Joaquim Francisco. “Na infância, era um menino equilibrado. Sempre foi muito sensato, muito comedido. Chegava em alguns momentos a raia da timidez. Meio introspectivo”, descreve o tio.

'TÍMIDO'

Na conversa de mais de uma hora com o JC na última terça-feira, José Neto fez jus a fama de reservado. Não quis que a entrevista fosse gravada. Nem topou posar para uma foto que ilustrasse a matéria. "Quem gosta de foto é quem está atrás voto", se desculpou. Mas se mostrou simpático, afável. Fez piada sobre política. “Tem tanta gente de olho no Senado que vamos ter que pedir emprestado as vagas da Paraíba e de Alagoas para completar as chapas”, sapecou. E não poupou elogios para defender o governador quando críticas da oposição foram mencionadas.

Em 2014, quando Eduardo Campos faleceu, José Neto pediu licença do cargo de secretário de Administração para assumir a coordenação da campanha de Paulo. “Foi um dos momentos mais difíceis que já vivemos. Pela responsabilidade política e também pelo impacto pessoal em todos nós”, ele conta. De tão próximo ao governador, aliados esperavam que ele assumisse uma secretária de ponta logo no início da gestão, o que não ocorreu. Ao invés disso, ele foi alocado numa recém-turbinada Assessoria Especial, com atuação mais próxima do governador, acompanhando o programa de governo e decisões estratégicas, e com assento no núcleo de gestão.

“Ele é um cara tranquilo, muito discreto. Mas faz moer a máquina. Na Assessoria Especial, participava ativamente dos grandes temas e das decisões estratégicas do governo”, descreve o secretário da Fazenda, Marcelo Barros, que conhece José Neto desde o tempo em que os dois estudaram no Santa Maria. “Ele era muito estudioso. Sempre foi CDF. Tanto no colégio, como na universidade. É uma pessoa mais de ouvir do que de falar”, conta.

TORCEDOR DO SPORT

José Neto despacha hoje numa sala ampla no térreo do Palácio do Campo das Princesas (Paulo governa do primeiro andar). Além do gabinete, há uma pequena mesa de reuniões e outra sob a qual se empilham livros e papeis. Ele toma gosto em falar sobre gestão pública, e a diferença entre atuar no governo e no TCE. “Você descobre que a realidade é mais difícil. Tem alguém morrendo porque precisa de um remédio. Tem crianças sem aula porque caiu o teto da escola. É preciso fazer as coisas acontecerem mais barato e mais rápido. Obviamente seguindo as normas”, ressalta.

As frases ficam mais curtas quando se pergunta sobre a família. Ele é casado com a psicóloga Teresa Cavalcanti. Tem dois filhos: João, de 12 anos, e José Henrique, de 8. Idades próximas das filhas do governador. “É difícil porque no governo você nem sempre tem feriado ou final de semana, períodos em que normalmente poderia se dedicar mais a eles. As vezes também é preciso viajar. O celular ajuda muito”, ele confessa.

Na mesa de José Neto, três bonecos com camisas do Sport representam ele e os filhos. “Ele é fanático pelo Sport. Não perde um jogo. Sempre que pode, ele está na Ilha do Retiro levanto os filhos. Antes, jogava muita bola. Desde que entrou no governo tem tido menos tempo”, conta o amigo João Bosco, da Morro do Farol, que conheceu José Neto há 15 anos por intermédio de Paulo Câmara. “Creio que é uma pessoa que está sendo bem treinada, tem conhecimento de Pernambuco. Não seria uma surpresa que em 2018 ele viesse a ocupar algum cargo de deputado estadual ou coisa semelhante”, projeta.

José Neto diz saber que a Casa Civil terá um papel central no próximo ano, quando Paulo disputará a reeleição. Mas evita falar na sucessão de Nilton Mota. “Ele chegou há dez dias. Tem iniciado um trabalho muito importante, que vai dar frutos”, elogia. “Vocês deviam fazer um perfil sobre Nilton, não sobre mim”, sugere, na despedida.

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