A ausência do esgotamento sanitário no Cabo de Santo Agostinho é tanta que os canais, os quais deveriam receber a água da chuva, servem de escoamento ao esgoto. E naturalmente, esses canais, como o do Arrombado, levam esgoto in natura à praia da Enseada dos Corais.
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A menos de mil metros do Canal do Arrombado está o Canal do Boto, embargado por irregularidades e determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Atualmente está seco. Ele desaguava num local onde nascem tartarugas marinhas entre março e abril e as paredes do canal apresentaram falhas. A obra está parada desde 2015 na gestão de Vado da Farmácia, que atualmente está sem partido, mas foi do PSB, quando estava à frente do município. “Como não há saneamento básico, aqui passava esgoto e lixo. Conseguimos o embargo porque começamos a mobilizar as pessoas que frequentam o local”, disse o dono do Bar Armação da Praia Quebra Prancha (PQP), João Carlos Trajano, se referindo ao Canal do Boto, que passa ao lado da sua propriedade que não tem esgotamento sanitário nem água da Compesa.
Todos os canais que estão escoando esgoto foram construídos pela Prefeitura do Cabo. “Esses canais foram implantados na época em que não tinha esgotamento sanitário e era outra a legislação. Hoje quando vai fazer um lote tem que ter água e saneamento”, revelou o secretário estadual de Infraestrutura do Cabo de Santo Agostinho, Antonio João Dourado.
ATÉ QUANDO?
Mas os canais vão levar esgoto pro mar até quando? “Estamos tentando um empréstimo com a Caixa Econômica Federal (CEF) no valor de R$ 90 milhões para fazer a infraestrutura em vários bairros, incluindo asfalto das ruas, esgotamento sanitário e recuperação dos canais na Enseada dos Corais. Não temos como fazer isso com recursos próprios”, revelou, acrescentando que este ano o município vai fazer o Plano de Saneamento do Cabo.
A falta de um estudo de viabilidade na área de saneamento é um fatores criticados pelo vereador do Cabo Arimatéia Jerônimo (PSDB). “Como é que se aprova a criação de uma empresa para explorar o serviço de água e esgoto sem um estudo que mostre a viabilidade técnica/econômica do serviço?”, questionou. E argumentou: “toda a tubulação que passa pelo Cabo é da Compesa. Não acredito que haja condições concretas dessa municipalização”.