A obra hídrica mais importante do Estado, a Adutora do Agreste não recebeu um centavo do governo federal em 2018, embora vá beneficiar 2 milhões de pessoas que moram na região de maior estresse hídrico em Pernambuco. E o mais grave: pode estar se formando mais um El Niño, o que pode significar um ano de estiagem para todo o semiárido pernambucano que está saindo de uma seca que durou mais de seis anos (entre 2011 e 2017).
A União deveria bancar 90% da sua implantação, segundo um convênio assinado entre o governo do Estado e a União. Já foram repassados R$ 804 milhões ao empreendimento que tem um custo de R$ 1,2 bilhão nessa primeira etapa.
“A falta de repasse dos recursos traz mais um risco de paralisação de toda a Adutora do Agreste, porque é necessário implantar Estações de Tratamento de Água (ETA) para disponibilizar a água à população. É uma retaliação do governo federal”, explica o presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Roberto Tavares.
Segundo ele, o último recurso repassado a Adutora do Agreste foram R$ 194 milhões no final do ano passado. “Desse total, R$ 126 milhões eram uma emenda da bancada cuja transferência era obrigatória”, comenta Tavares.
Iniciada em 2013, a primeira etapa da adutora deveria ter sido concluída em 2015, o que não ocorreu por demora no repasse dos recursos federais. Essa primeira fase faria a água chegar a 23 cidades e está com 504 km implantados dos 772 km previstos.
A primeira suspensão dos recursos ocorreu porque o então governador Eduardo Campos (PSB) saiu da base de apoio a presidente Dilma Rousseff (PT) para se candidatar a presidente da República pelo PSB em 2014. Mais de 2 milhões de pessoas já usam as águas do São Francisco na Paraíba. E Pernambuco continua servindo de passagem para a água desde que o Eixo Leste da transposição foi inaugurado em março do ano passado. O Eixo Leste capta a água do São Francisco, em Floresta, e vai até a cidade de Monteiro, na Paraíba.