Nova oposição

Grupo quer formar novo bloco de oposição na Câmara do Recife

Ida do PRTB para a oposição coloca, em tese, mais três vereadores fora da bancada governista. PSC e PSDB ensaiam novo bloco de oposição independente

Luisa Farias
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Luisa Farias
Publicado em 12/12/2018 às 7:00
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Ida do PRTB para a oposição coloca, em tese, mais três vereadores fora da bancada governista. PSC e PSDB ensaiam novo bloco de oposição independente - FOTO: Foto: Divulgação
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A ida do PRTB para a oposição ao prefeito do Recife Geraldo Julio (PSB), anunciada na sessão plenária da Câmara dos Vereadores dessa terça-feira (11), coloca mais três parlamentares no radar do novo bloco de oposição que está se formando na Casa. O PSC - que saiu recentemente da bancada do governo - mantém conversas com o PSDB para construir um grupo inicialmente composto por seis vereadores. Sendo a bancada com maior número de parlamentares, eles esperam indicar o novo líder da bancada oposicionista, conforme o previsto no Regimento Interno da Casa. 

"A gente já tinha conversas de fazer um bloco de oposição bem coeso na Câmara e o PRTB vindo hoje vão ser mais três vereadores. O bloco que a gente já formou, a gente vai tentar também atrair o PSL, do vereador Rogério de Luca, e o PRTB seria uma aquisição importante para esse bloco que a gente está formando", diz Renato Antunes, que comanda a formação do novo grupo. 

São três vereadores do PRTB na Casa José Mariano, agora na oposição: Marco Aurélio (PRTB), Alcides Teixeira Neto (PRTB) e Hélio Guabiraba. Até então, era o segundo maior partido da bancada do governo, atrás apenas do PSB. Segundo Marco Aurélio (PRTB), que é líder do PRTB na Casa, o desembarque da base seguiu uma orientação do partido no âmbito nacional, devido a falta de espaço dada para a sigla segundo governo de Geraldo Julio antes das eleições de 2016. Essa acomodação teria sido acertada pelo presidente nacional Levy Fidélix e o próprio prefeito. "Edinázio (presidente estadual) esteve em Brasília por duas vezes nessas últimas três semanas e o presidente Levy disse 'Temos uma decisão aqui do partido. O prefeito não cumpriu o que acertou, não deu satisfação, já se passaram dois anos. Portanto, em relação a bancada municipal fica determinado que ela fará oposição a prefeitura", disse o vereador.

A articulação do "novo bloco" tem na conta os vereadores Wanderson Florêncio (PSC), Eduardo Chera (PSC) e Fred Ferreira (PSC), além dos tucanos André Régis (PSDB) e Junior Bocão (PSDB). Bocão, porém, tem ligação com o prefeito Geraldo Julio, o que poderia atrapalhar seu ingresso. Com posição independente na Casa devido a posição antagônica aos partidos da oposição como o PT e o PSOL, André Régis vê campo fértil para integrar o novo bloco de oposição que não inclua essas siglas. Ele defende o entendimento em torno de "projetos em comum", sem "oposição por oposição. "Eu sou oposição a Geraldo Julio, não porque foi uma questão de conjuntura eleitoral que me fez ir para um lado ou para outro, e sim porque eu não acredito no projeto do PSB nem no estado nem na cidade. Se houver um entendimento nesse sentido, eu acho que é muito bem vinda a conversa. A conversa com Renato Antunes tem andado", finaliza.

Atualmente, a oposição é formada pelo líder Rinaldo Junior (PRB), o vice-líder Ivan Moraes (PSOL), que deve assumir a liderança em 2019, e os vereadores Antônio Luiz Neto, Ana Lúcia (PRB), Marília Arraes (PT) e Jairo Brito (PT). Eleita deputada federal, Marília dará lugar para o suplente João da Costa (PT) assumir sua vaga na Casa. Mas o petista pode assumir uma vaga de deputado estadual caso alguém do seu partido na Assembleia Legislativa (Alepe) seja nomeado para uma secretária do governado Paulo Câmara (PSB), já que ele também é suplente na Casa Joaquim Nabuco. Ele daria lugar a Oscar Barreto. Entre os governistas, já é tido como certo o ingresso do PT na sua bancada, seguindo a aliança estadual formada entre PT e PSB para reeleger Paulo. Durante discurso de prestação de contas da liderança da oposição feito por Rinaldo na tribuna da Câmara nessa segunda-feira (11), o vereador Jayme Asfora (Sem partido) fez aparte e afirmou: "Agora estamos juntos". Ele saiu do PROS, partido governista, recentemente e vem adotado posição crítica a gestão socialista. É mais um vereador na oposição. 

Duas oposições

Entre a atual oposição e o novo grupo, porém, há divergências ideológicas, principalmente na pauta dos costumes, que podem pôr em cheque uma aliança. O PSC decidiu apoiar a candidatura de Jair Bolsonaro (PRTB) no segundo turno e defende pautas como o projeto da Escola Sem Partido, o que vai de encontro ao mandato do vereador Ivan Moraes (PSOL), por exemplo. "A gente faz uma oposição, mas a gente tem um alinhamento ideológico, alinhamento partidário, de como a gente pensa o Recife. Não que a gente não possa sentar com o atual bloco. Mas a gente quer fazer um bloco independente de oposição", conta Renato. 

O líder do governo, o vereador Eriberto Rafael (PTC) afirmou que a saída do PRTB e até mesmo ao do PSC já estavam "nas contas" da bancada. "A gente estava esperando por causa do movimento nacional do partido. Muito provavelmente eles vão ter candidato ou vão participar da chapa da oposição aqui encabeçando o projeto nacional deles. Agora também vai ter o lado do governo se preparando para a eleição de 2020 e a gente vai ter também algumas mudanças", projeta o parlamentar. 

Na visão de Rinaldo Junior, Renato Antunes se antecipou no debate sobre a formação de um novo bloco. "Mas o que importa é que a gente converge em muitos pontos, principalmente na oposição ao prefeito. Eu não sei se a estratégia dele de dividir é a
mais correta, porém eu tenho certeza que no próximo ano, a bancada de oposição como um todo vai aumentar e muito", contou. O líder da oposição se disse aberto para um diálogo com Renato, o que não aconteceu até então. "Dividir o bloco de oposição seria burrice. A gente já é tão minoria e querer diminuir o que já é pequeno?", questionou. Ele admitiu que as divergências ideológicas podem atrapalhar um entendimento, mas pregou o diálogo para a resolução de qualquer atrito. "Isso aqui é política, isso aqui é democracia, cada um defende o que acredita. Mas eu acho que enquanto bloco a gente poderia sim levantar um diálogo e tentar", afirmou. 

A vereadora Ana Lúcia (PRB) - integrante do atual bloco de oposição - considera ingressar na nova bancada, com a qual ela se diz estar mais próxima ideologicamente. "Apesar de eu ser da mesma sigla partidária (do líder da oposição Rinaldo Junior), eu tenho uma conversa com o pessoal de Brasília a nível nacional e estadual mesmo de que a gente comece a conversar com os blocos independentes, diante de toda a conjuntura política a nível de presidência", contou. O PRB também apoiou Bolsonaro no segundo turno. 

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