Em entrevista, nesta segunda-feira (1º), ao programa Passando a Limpo, na Rádio Jornal, o ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Armando Monteiro Neto (PTB) afirmou que o acordo do Mercosul com a União Europeia gera uma "expectativa positiva" e tira do "isolamento" o bloco sul-americano. O petebista cobrou, contudo, reconhecimento aos esforços dos governos que antecederam a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para o fechamento do acordo após 20 anos de negociações. E aproveitou para alfinetar a gestão do pesselista.
"Eu acho que é preciso reconhecer que um processo como esse, extraordinariamente complexo, não foi uma construção de um governo apenas. É um longo processo. O governo Bolsonaro manifestava muito preconceito com o Mercosul e, em boa hora ao que aparece, setores do governo reviram essa posição porque o Mercosul é um ativo que nós temos", disse Armando Monteiro, que também participou do processo durante a sua gestão como ministro no governo Dilma (PT).
O também ex-senador ainda saiu em defesa da ex-presidente Dilma Rousseff, que segundo o petebista, acompanhou com proximidade as negociações do acordo durante o seu mandato com a União Europeia e apoiou a iniciativa. E também destacou a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB). "Da (ex-) presidente Dilma, eu quero fazer uma justiça. Ela sempre nos apoiou muito nesse trabalho de retomada das negociações. Ela acompanhou de perto", afirmou.
O petebista fez uma ressalva de que a conjuntura política pode ter dado um impulso para que o tratado fosse firmado no governo Bolsonaro. "É claro que as circunstâncias politicas podem, eventualmente, até por maior alinhamento entre os parceiros do Mercosul, ajudar a que esse processo pudesse ser impulsionado", ressaltou.
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O ex-ministro ressaltou que as dificuldades enfrentadas durante os 20 anos de negociações. "Nós tivemos uma grande dificuldade na construção desse acordo com a oferta do setor agrícola porque há países na Europa, como a França, que tem uma posição muito defensiva nesses temas agrícolas porque é um país que ainda oferece muitos subsídios aos produtores locais. A Irlanda também é um país que reagia muito a essa abertura para os bens agrícolas", elencou.
Armando ressaltou a abrangência do acordo com os 28 países que compõem o bloco europeu. E avaliou que a implementação deve demorar um pouco pela necessidade ser aprovado "por todos os parlamentos, depois do processo técnico, das traduções todas dos acordos".
"É um acordo que envolve muitos temas e muitos produtos. Não é só tarifas e bens. É um acordo que envolve serviços, investimentos, compras governamentais, propriedade intelectual, questões regulatórias. Sem dúvida, abre uma expectativa muito importante para o Mercosul, quebrando por assim dizer o isolamento desse grupo e permitindo, por exemplo, que o Brasil se entregue a um bloco que tem grande expressão", afirmou.