O resultado das urnas nas duas últimas eleições para o pleito municipal (2012 e 2016) tem feito o bloco de oposição repensar sua estratégia de fortalecimento para vencer o poderio do PSB. O que poderá caminhar para o lançamento de um único nome, ao invés de múltiplas candidaturas. A exemplo da disputa em 2012, quando houve uma tentativa de consenso do grupo opositor, mas que acabou saindo com o então deputado estadual, na época pelo PSDB, Daniel Coelho; e o deputado federal pelo DEM, Mendonça Filho. Não deu certo. O prefeito Geraldo Julio (PSB), em sua primeira disputa, venceu a eleição no primeiro turno, com 51,15% dos votos.
Em 2016, a ala da direita também estava representada por dois nomes: Daniel Coelho, ainda no PSDB, e a deputada estadual Priscila Krause (DEM). Desta vez, o pleito foi para o segundo turno, mas com o PT. Geraldo Julio se reelegeu com 61,30% dos votos. “A oposição está dialogando, mantendo uma unidade em torno de um objetivo, e, ao mesmo tempo, permitindo que cada partido avance individualmente na construção de seus projetos”, afirma Daniel Coelho, que hoje está no Cidadania e tem seu nome novamente cotado para disputar a prefeitura.
De acordo com ele, essa convergência em torno da chapa que será lançada deve ser definida no inicio do próximo ano. “Acho que todas as forças da oposição daqui precisam dialogar, algumas fazem parte do mesmo campo nacional, outras não, mas isso é natural. É importante que a oposição esteja unida no ano que vem”, aposta Coelho.
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Capital político
Apesar de possuir um discurso nacionalizado, o PSL é uma força política que não pode passar despercebida. No entanto, há dúvidas se, no caso do Recife, caberia a estratégia do partido lançar candidato ou subir ao palanque como apoiador do candidato da oposição. “Para o bloco ter esse apoio seria ótimo, mas defender a pauta do governo federal me parece um cenário tóxico. Haveria um ganho de estrutura, o PSL tem tempo de TV maior, mais recurso do fundo partidário, mas ter que carregar a defesa de algumas pautas não ajuda na nossa região, porque a rejeição a esse governo [BOLSONARO] é muito maior”, avalia o cientista político Vannucio Pimentel.
Mesmo sem possuir uma “máquina política orgânica”, como o PT e o PSB possuem, segundo explica o cientista político Elton Gomes, o partido do presidente Bolsonaro entende que existe um movimento estratégico em jogo. “O PSB provavelmente lançará o deputado federal João Campos, um jovem de 24 anos que se elegeu por conta do legado do arraisismo, mas ainda não tem densidade política para disputar uma eleição desse porte, mesmo com todo aparato político que o partido lhe oferece”, afirma o especialista. “Por outro lado, existe um espaço para uma candidatura conservadora e o PSL quer transformar essas eleições numa espécie de continuidade do movimento que ocorreu em 2018”, completa.