“O debate é a grande virtude da democracia”. Com essa proposta, o tradutor, ensaísta e colunista do jornal O Estado de S.Paulo, Luiz Sérgio Henriques, vem ao Recife trazer a palestra “A democracia ainda é um valor real?”. O encontro ocorre nesta quinta-feira (24), a partir das 19h, no auditório Softex, na Rua da Guia, 142, Bairro do Recife. A apresentação faz parte de ciclo de palestras gratuitas sobre temas da atualidade política. O evento é organizado pelo Movimento Ética e Democracia e as inscrições podem ser feitas pelo Facebook.
Em entrevista ao Jornal do Commercio, Henriques destacou o que pensa sobre democracia e criticou o avanço do que vê como extrema-direita não só no Brasil, mas no mundo. “Acho que temos um ataque à democracia liberal no Brasil e no mundo. Temos o Trump nos Estados Unidos e a questão do Brexit na União Europeia, onde há uma consolidação democrática. E aqui temos o Bolsonaro, que se espelha no Trump. Eles representam a extrema-direita”, afirmou.
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Luiz Sérgio, contudo, deixa claro que não pode-se confundir o termo extrema-direita com a direita tradicional. “Há diferenças, por exemplo, entre o (João) Doria e o Bolsonaro. Eles não são a mesma coisa. Nem mesmo o (Luciano) Huck, caso seja candidato. Vejo ele como centro. Sempre olho vários espectros como centro-direito e centro-esquerda. Temos que ir além do Fla-Flu”, afirmou o palestrante, que discorda de ideia de polarizar o discurso entre apenas duas correntes ideológicas. Para ele, é preciso pluralidade de ideias e alternância desses grupos no poder. “Temos que respeitar o bem comum. Temos que debater. Meu ideal não pode tornar o outro inimigo. É preciso também alternância, que é a beleza da vida democrática”.
Henriques ainda pontua que vê o centro enfraquecido no País, sem grandes nomes. “Tínhamos no passado destaques como FHC, Ulisses Guimarães e Tancredo Neves. Hoje só temos o FHC e ele não faz mais política eleitoral”, argumenta.
Além de criticar o que classifica como avanço da ultra-direita, Henriques também é crítico a radicalismo na esquerda. “A Venezuela é ditadura com perseguição. Não podemos conviver com isso”, disse o ensaísta, que mantém o otimismo com o futuro. “As pessoas não vão abrir mão de direitos. O relógio da liberdade pode atrasar, mas não volta”.