Na sua segunda viagem à costa sul de Cuba, Cristóvão Colombo se deparou com um imenso conjunto de ilhotas contornadas por labirintos de manguezais e extensas barreiras de coral imersas num mar azul translúcido habitado por uma infinidade de seres coloridos. Não teve dúvidas. O lugar era digno de uma rainha. Dedicou então o paraíso recém-descoberto à soberana da Espanha, Isabel de Castela, batizando-o de Jardines de la Reina.
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O cenário visto pelo navegador genovês no fim do século 15 é praticamente o mesmo encontrado pelo visitante que chega hoje em dia à região mais preservada do Mar do Caribe. O arquipélago ocupa uma área de 2.170 km2, onde a natureza reina soberana.
Logo no primeiro passeio de reconhecimento, enquanto a lancha ziguezagueia entre os canais formados pelo mangue, a exuberância da vegetação faz jus aos “jardins” descritos por Colombo. Apenas um dos três ecossistemas que tornam esse destino especial. A transparência da água revela outro: o pasto marinho. Uma curiosa “plantação” aquática que, sob o sol intenso, chega a se confundir com o reflexo da superfície. Cheia de nutrientes absorvidos do fundo do mar, serve de alimento para alguns animais, como as tartarugas. Funciona também como esconderijo de peixes voluntariosos, como os permits e bonefishes, que fazem brilhar os olhos dos amantes da pesca desportiva.
Abaixo da linha d’água, a festa fica por conta dos arrecifes, o terceiro dos ecossistemas que se interligam para formar o berço da vida no arquipélago. A profusão de espécies que surgem a cada centímetro dos paredões frontais de até 600 metros é prova do equilíbrio do ambiente. Corais de diferentes formatos, gorgônias, algas, esponjas, estrelas-do-mar, tartarugas, raias, tubarões, peixes de grande porte e até crocodilos povoam o fundo do mar cubano. Diversão garantida para os mergulhadores, com o plus da água morna o ano inteiro.
De volta à superfície, aves aquáticas, como pelicanos, gaivotas e fragatas, completam o show na contraluz de um pôr do sol dourado.
Em algumas das 250 ilhas, a atração fica por conta de jutías (simpático roedor local) e iguanas, que já renderam a praias como Boca de Piedra o título de Galápagos do Caribe.
O isolamento é outra das características que Jardines de la Reina compartilha com o arquipélago do Pacífico. A única maneira de chegar à região é por mar e a marina mais próxima está a 60 km, no povoado de Júcaro. Por isso, só há duas opções de hospedagem: o hotel flutuante La Tortuga ou iates operados pela companhia italiana Avalon em parceria com o governo cubano. Em ambos, o serviço se baseia na tríade conforto, gastronomia de primeira e simpatia de sobra.
Para garantir a preservação do lugar, no máximo 40 visitantes circulam pelos Jardines por semana. Isso significa que a probabilidade de você encontrar outro barco enquanto navega por ali se aproxima de zero. É ou não pra se sentir a rainha do pedaço?
*A editora viajou a convite da companhia italiana Avalon