O livro Como as Democracias Morrem, de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, é claro sobre o papel dos partidos políticos como guardiões da democracia e como bloqueio para figuras que coloquem em risco a estabilidade do País. A análise dos autores mostra o momento em que isso enfraqueceu ao ponto de permitir a ascensão de Donald Trump. Eles falam sobre os EUA, claro. Em relação ao Brasil, vale refletir .
A verdade é que os partidos aqui, desde a redemocratização, tornaram-se portais gigantescos para criaturas de caráter duvidoso.
Certa vez, o então governador de AL, Fernando Collor, no PMDB, foi conversar com Ulysses Guimarães (PMDB) e ofereceu-se para ser candidato a vice-presidente da República. Conhecendo bem o passado de Collor e o risco, a resposta de Ulysses foi curta: “Collor, cresça e apareça”.
Ulysses, ao menos, tentou. Collor saiu do PMDB e arranjou um partido para mandar. Foi para o PRN. O resto da história, conhecemos bem. E é um exemplo só.
Há vários outros sobre como as instituições partidárias tornaram-se fissuras na democracia brasileira.
E podem gerar um desabamento no futuro.
Os sinais, nas eleições passadas, têm sido cada vez mais claros.