Pernambuco apresenta um resultado positivo em 24h e já tem quem defenda que o problema acabou. É preciso que se entenda a boa notícia como incentivo para continuar o isolamento, não para relaxá-lo. A informação de que, pela primeira vez, em um dia, o número de curados foi maior do que o de novos infectados precisa ser vista em paralelo com a de dona Rosilda, que morreu no domingo depois de esperar por cinco dias uma vaga em UTI.
Dona Rosilda estava na UPA da Imbiribeira e só conseguiu vaga num leito em Nossa Senhora do Ó, em Paulista. Dizer que a situação está se resolvendo é perigoso para quem não lê os acontecimentos de forma ampla. Principalmente os agentes públicos, aqueles que esperam dar conforto e arrecadar em popularidade com isso, são os que mais precisam estar atentos à realidade.
Nesse contexto, vale lembrar que o presidente Bolsonaro chegou a dizer que a “gripezinha” não faria mais do que 800 mortos no Brasil. Hoje a conta está em 22 mil.
Em medida parecida, o prefeito da capital fez vídeos anunciando que o Recife tinha mais e mais leitos de UTI, hospital de campanha, etc. Pior seria se não houvesse nada, é verdade. Mas anunciar como se fosse solução algo que ainda não era suficiente, faz parecer que a situação está sob controle. E não estava.
Pior ainda foi descobrir depois que os leitos de UTI, na verdade, estavam sem respirador e não havia equipe de saúde suficiente para eles. É como oferecer um bolo pronto e aparecer na festa com um saco de farinha de trigo, sem os ovos ou a manteiga.
Políticos sempre farão política. É preciso lembrar isso para não entrar no terreno da ingenuidade, independente de partido, crença ideológica ou qualquer outro tipo de credo.
Mas que a política seja responsável. Comemorar metade da vitória, é sempre bom lembrar, leva à derrota certa.