PSB quer fazer concessão dos terminais de ônibus e BRT na RMR. Na prática, vai privatizar parte do sistema

"Concessão administrativa" passou a ser algo "progressista e muito inteligente. Uma verdadeira inovação", enquanto privatização era "coisa de quem queria vender o Brasil para os capitalistas". Na verdade, dá no mesmo
Igor Maciel
Publicado em 24/07/2020 às 16:32
Avenida Cruz Cabugá recebe um grande volume de veículos particulares por representar o principal acesso da região Norte do Grande Recife ao Centro da capital Foto: GUGA MATOS/ARQUIVO JC IMAGEM


Não é de hoje que a esquerda brasileira pratica a eufemização do necessário para não acabar sendo acusada de fazer o que geralmente acusa nos adversários. Um exemplo disso é a tal da "concessão".

Na prática, a expressão é usada para fingir que não estão privatizando algo. Dilma Rousseff (PT) foi um exemplo.

Depois de críticas e mais críticas ao que os petistas chamavam de "privataria tucana", a presidente precisou privatizar aeroportos. Chamar de que?

A solução foi usar um nome diferente. E "concessão administrativa" passou a ser algo "progressista, de esquerda e muito inteligente. Uma verdadeira inovação", enquanto privatização era "coisa de quem queria vender o Brasil para os capitalistas".

Na prática, é a mesma coisa.

O jogo de palavras segue até hoje. Inclusive em outros partidos, como o PSB.

Experimente falar, perto de um socialista em Pernambuco, na possibilidade de privatizar a Eletrobrás, que serve para indicações políticas. Em milésimos de segundo uma forte reação será observada, acompanhada de discursos sobre "vender as águas brasileiras e privatizar os rios".

O argumento é uma sandice em forma e conteúdo.

Mas, o governador Paulo Câmara (PSB) resolveu entregar para a iniciativa privada, os tais capitalistas, a administração de 26 terminais integrados da RMR e das estações de BRT.

Para esta sexta-feira (24) já estava marcada uma audiência pública sobre o assunto, obrigatória para que se realize uma privatização.

A grosso modo, trata-se da privatização do sistema BRT no Estado, onde ele funciona na RMR.

Claro, ninguém está chamando de "privatização".

O nome, no papel, é uma bonita homenagem a Dilma: "concessão administrativa".

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