Não é de hoje que a esquerda brasileira pratica a eufemização do necessário para não acabar sendo acusada de fazer o que geralmente acusa nos adversários. Um exemplo disso é a tal da "concessão".
Na prática, a expressão é usada para fingir que não estão privatizando algo. Dilma Rousseff (PT) foi um exemplo.
Depois de críticas e mais críticas ao que os petistas chamavam de "privataria tucana", a presidente precisou privatizar aeroportos. Chamar de que?
A solução foi usar um nome diferente. E "concessão administrativa" passou a ser algo "progressista, de esquerda e muito inteligente. Uma verdadeira inovação", enquanto privatização era "coisa de quem queria vender o Brasil para os capitalistas".
Na prática, é a mesma coisa.
O jogo de palavras segue até hoje. Inclusive em outros partidos, como o PSB.
Experimente falar, perto de um socialista em Pernambuco, na possibilidade de privatizar a Eletrobrás, que serve para indicações políticas. Em milésimos de segundo uma forte reação será observada, acompanhada de discursos sobre "vender as águas brasileiras e privatizar os rios".
O argumento é uma sandice em forma e conteúdo.
Mas, o governador Paulo Câmara (PSB) resolveu entregar para a iniciativa privada, os tais capitalistas, a administração de 26 terminais integrados da RMR e das estações de BRT.
Para esta sexta-feira (24) já estava marcada uma audiência pública sobre o assunto, obrigatória para que se realize uma privatização.
A grosso modo, trata-se da privatização do sistema BRT no Estado, onde ele funciona na RMR.
Claro, ninguém está chamando de "privatização".
O nome, no papel, é uma bonita homenagem a Dilma: "concessão administrativa".