O ex-ministro Delfim Netto falou ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta segunda-feira (27). Ele reiterou a informação de que uma reunião incluindo ele, Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT) aconteceu em 2018 e nela foi discutida uma chapa na qual o petista seria vice do ex-governador do Ceará para disputar a presidência naquele ano. Depois da declaração de Delfim, semana passada, Ciro Gomes confirmou a reunião e afirmou que nunca tinha falado sobre o assunto por "questões éticas", mas disse que tudo o que foi relatado era absoluta verdade. Já Haddad respondeu que a reunião "não foi bem assim".
"Foi bem assim, sim!", Disse Delfim Netto à Rádio Jornal. "Na reunião, nós discutimos o que poderia ser um plano de governo conjunto. E havia a concordância de Lula (PT) com a chapa. Ciro seria o candidato e Haddad seria o vice. Depois foi que Lula desistiu", finalizou.
Não é difícil acreditar no relato de Delfim. Primeiro porque ele não teria motivos, a essa altura, para mentir ou esconder algo sobre isso. Segundo, porque todo mundo conhece o ex-presidente Lula como um animal político que não gosta de dividir território com ninguém.
O ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, dizia isso toda vez que Lula afirmava que iria apoiá-lo para ser candidato a presidente em 2018 caso ele não atrapalhasse Dilma em 2014. Todo mundo sabia que não dava pra confiar em Lula quanto às alianças.
Quem conversou com Ciro durante a campanha de 2018, nos bastidores, percebia uma chateação para além do habitual com o PT e com Lula. Acreditava-se que era apenas porque o PT estava tentando minar a candidatura dele, atrapalhando alianças do PDT com outros partidos de esquerda como o PCdoB e o PSB.
Agora, sabe-se que foi mais do que isso. Ciro acredita que poderia ser o presidente hoje, caso o PT tivesse cumprido o acordo feito com o testemunho de Delfim Netto.
Mas, ao contrário, temos aí Bolsonaro.