Cena Política

Os alagamentos e a tragédia dos morros que não entram nas redes sociais dos prefeitos nessas chuvas

Prefeitos não são influenciadores digitais ou "Tiktokers", são zeladores e administradores da manutenção básica da qual depende o cidadão. Quem não entender isso, não serve para a função.

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Igor Maciel

Publicado em 10/08/2021 às 11:21 | Atualizado em 10/08/2021 às 11:26
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Pouca coisa foi tão importante nos últimos meses quanto anunciar aplicação de vacinas e pouca coisa foi tão aguardada quanto a ampliação das faixas de imunização. Mas, o resto da vida continuou acontecendo e não é possível esquecer o drama de quem vive nos morros e encostas da Região Metropolitana do Recife.

O básico, o essencial, que é garantir a segurança das pessoas que vivem em morros do Recife e da RMR não é atrativo para as redes sociais, não gera compartilhamentos felizes e "joinhas" nos comentários, mas é responsabilidade dos gestores.

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As chuvas dos últimos dias lembram algo que não é importante só há alguns meses, mas há décadas.

Infelizmente, a cultura de vida bonitinha e perfeita que prefeitos estão abraçando no Instagram não está em sintonia com as imagens que voltamos a ver nos telejornais e nos portais de notícia.

Lama, barro, escombros, vidas destruídas. Isso não está nas redes sociais dos prefeitos.

Prefeitos não são influenciadores digitais ou "Tiktokers", são zeladores e administradores da manutenção básica da qual depende o cidadão.

Quem não entender isso, não serve para a função.

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Em 2021, só tendo o Recife como exemplo, os gastos com Manutenção e Limpeza Urbana caíram em relação ao ano anterior, no período de janeiro a agosto. Em 2020, R$ 175,6 milhões haviam sido gastos nessa área. Em 2021, o montante chegou a R$ 160,1 milhões, no mesmo período.

Se isso não influencia diretamente nas quedas de barreiras, ao menos mostra que o básico talvez esteja precisando de mais atenção nas gestões atuais. 

O básico não gera curtidas no Instagram ou no Twitter, mas é essencial.

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