Cena Política

Consórcio Nordeste é só ajuntamento de governadores e se ficar na lacração política vai sumir em 2022

A palavra que melhor define o resultado do Consórcio Nordeste desde que foi criado é "pífio". Como na gestão nada dá certo, apostaram em discurso político. E basta uma eleição para mudar tudo.

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Igor Maciel

Publicado em 01/11/2021 às 12:08 | Atualizado em 01/11/2021 às 12:15
Análise
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Em seu próprio site, o Consórcio Nordeste lista uma série de objetivos principais para o grupo, formado pelos nove estados da região.

Alguns nunca viraram realidade, como o "incentivo conjunto às micro e pequenas empresas", e outros chamam atenção porque até se tentou, mas os resultados foram desastrosos.

Um deles se sobressai: "realizar compras compartilhadas".

Por duas vezes o Consórcio tentou fazer compras em conjunto. Tendo sido criado no ano anterior à pandemia, o ajuntamento de governadores que se formalizou como consórcio correu para comprar respiradores no momento mais difícil da crise.

O processo de compra terminou com operação policial, três mandados de prisão e 15 de busca e apreensão. Os respiradores nunca chegaram e, se o dinheiro não tivesse sido devolvido, só Pernambuco teria um prejuízo de quase R$ 14 milhões, segundo o TCE-PE.

Com o fiasco, cada governador se virou como pôde. Aí veio a necessidade de vacinas. O Consórcio Nordeste se mobilizou novamente. O ajuntamento de gestores queria, de qualquer jeito, comprar vacinas russas que a Anvisa nunca liberou de verdade.

A Sputnik V virou bandeira ideológica. De repente não importava mais se ela imunizava contra a covid-19 ou era segura. O importante era comprar para "vencer Bolsonaro". Governadores, inclusive o de PE, defenderam a vacina como ponto de honra. Até que a Anvisa disse que não se responsabilizava, mas se os governadores quisessem aplicar por sua conta e risco estavam liberados.

Nenhuma dose foi aplicada.

Outro fiasco do Consórcio.

É preciso lembrar que existe um custo para manter esse ajuntamento funcionando. E quando a única coisa que se pode tirar como resultado é a unificação de discursos políticos, ideológicos ou partidários, fatores que deveriam caminhar juntos mas, no Brasil, não caminham, há um desperdício imenso.

Para fazer discurso político, basta marcar uma reunião na agenda e mandar o arquivo com a assinatura digital de cada governador para colocar no documento, com aquele início de texto característico: "Nós, governadores do Nordeste, reunidos...".

Não precisava ter uma estrutura de consórcio.

Sem falar que, se a única coisa que se consegue fazer com o grupo é discurso político, isso depende de alinhamento partidário e ideológico para seguir vivo.

O Consórcio Nordeste está com os dias contados, caso não consiga sair do discurso de pseudo-resistência que tem sido a única razão de sua existência. 

Basta o presidente ser alguém que concorda com os governadores ou, entre os governadores, ter alguém que concorde com o presidente.

Basta mudarem os integrantes políticos e o Consórcio, provavelmente, morre, porque nunca conseguiu fazer nada de efetivo, só discurso ideológico.

E ano que vem tem eleição.

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