Quando se pergunta no PSB sobre a relação do Palácio do Campo das Princesas com os prefeitos de oposição em Pernambuco, a resposta é que sempre se esteve aberto ao diálogo, mas que os prefeitos não procuravam o governador. A questão é importante porque tem a ver com o fato de que três ex-gestores de importantes cidades na Região Metropolitana do Recife, Agreste e Sertão, após serem reeleitos com votações altas e em primeiro turno, largaram tudo para disputar o governo do Estado. No caso de Raquel Lyra (PSDB), o governador recebeu o atual prefeito de Caruaru assim que ele assumiu e a simpatia entre os dois rendeu comentários, dando a entender que era Raquel quem não procurava o governo e se afastou. Perguntada sobre isso na sabatina da Rádio Jornal, nesta quinta-feira (11), a ex-prefeita rebateu. “Meu celular está cheio de mensagens que eu mandava para Paulo Câmara, pra que ele me recebesse, para resolver questões da cidade durante a pandemia, e ele nunca respondia”, desabafou. Ela disse ainda que tem muitos ofícios com solicitações ao governo que não foram respondidos. A verdade é que até prefeitos de partidos aliados costumam reclamar nos bastidores da pressão que recebem do PSB. Raquel ainda citou que a relação dos municípios com a Compesa é ruim, mas os gestores não reclamam para não ter problemas com o governo.
Marília Arraes (SD) tem em Sebastião Oliveira (Avante), seu vice, um ponto de convergência importante com o Sertão. Mas tem um problema quando se trata da falta de estrutura nas estradas de Pernambuco, porque Oliveira foi secretário de Paulo Câmara (PSB). E mais, foi secretário de transportes. As péssimas condições das estradas acabam virando munição e atingindo Marília de forma colateral. Ela defendeu o vice, na sabatina da Rádio Jornal desta quinta (11), mas isso será explorado pelos adversários. Na defesa, foi sagaz, lembrou que Sebastião foi secretário de Transportes também no primeiro mandato de Eduardo Campos "e que, na época, as coisas funcionavam". O argumento joga a responsabilidade para a inabilidade de gestão do atual governador do PSB. Funciona, mas isso ainda pode ser explorado, entre outras coisas. A estratégia de colocar Oliveira na vice e agregar com André de Paula (PSD) para o Senado tem seus benefícios e seus problemas. Mostra que a chapa é plural, mas expõe o palanque aos resultados de seus integrantes quando eram da Frente Popular. Porque todos já foram da Frente Popular. E, isso é irônico, como o PT entra e sai do grupo dependendo dos interesses do PSB, permite que os petistas também reclamem de André por ter votado contra Dilma (PT) em 2016 no impeachment, enquanto Sebastião Oliveira se absteve. A contradição é imensa, porque o próprio candidato socialista ao governo votou a favor do impeachment e o PSB foi imprescindível para que o afastamento da petista acontecesse. Cobrar coerência entre PT e PSB, porém, é como esperar que um elefante ponha ovos. Fato é que Marília vai ser questionada pela formação da chapa e precisará de bons argumentos.
A campanha de Marília, inclusive, deve fazer um anúncio importante nesta sexta-feira (12). Uma coletiva de imprensa foi marcada no Recife e há muitas especulações que vão desde um novo apoio até a desistência de algum adversário em apoio a ela. A aposta é que ela deve apresentar a adesão de Raimundo Pimentel, prefeito de Araripina, que deixaria o grupo de Miguel Coelho (UB). A conferir.
Jair Bolsonaro (PL) está tentando provar duas coisas neste momento da preparação para a campanha eleitoral. A primeira é mostrar que pode se relacionar com a imprensa normalmente, sem guerra ideológica. A segunda é que pode andar no meio do povo sem ser alvo de vaias ou xingamentos. Nos próximos dias, o cercadinho em frente ao Palácio da Alvorada vai deixar de receber bolsonaristas para receber a imprensa novamente, em um novo formato. Além disso, Bolsonaro pretende visitar feiras livres para gravar imagens do guia eleitoral "no meio do povo".