Bolsonaro participou de evento educativo e senadores em Pernambuco com dificuldade para vencer brancos e nulos

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (18/8)
Igor Maciel
Publicado em 18/08/2022 às 0:01
Cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do TSE - 16/08/2022 - Lula Foto: ANTONIO AUGUSTO/TSE


Alexandre de Moraes, em sua posse como presidente do TSE, seguiu com a estratégia de reduzir Bolsonaro (PL) ao que ele é: um presidente da República entre tantos outros.

O cenário do evento em que tomou posse, inteiro, foi montado para dar recados ao atual chefe do Executivo. A montagem do ambiente tinha uma mensagem.

Ao lado de Moraes, na mesa principal, foi colocado o capitão. Em sua frente, a menos de três metros de distância, estavam os ex-presidentes Lula (PT), Dilma (PT), Sarney (MDB) e Temer (MDB), numa fila de cadeiras separadas do restante do público.

Colocar ali os ex-presidentes foi uma forma de explicar que numa democracia os personagens entram, saem, voltam, são impedidos e isso faz parte do jogo.

Em frente a Bolsonaro, como fantasmas de um futuro pouco distante, havia quatro presidentes com quatro histórias que são, no mínimo, educativas.

Lula foi preso, mesmo após sair com 80% de aprovação do governo.

Dilma foi impedida e retirada à força do poder, mesmo após ser reeleita pelo voto.

Sarney saiu do poder execrado como um inimigo público e com uma das menores taxas de aprovação da história, mesmo após garantir a transição brasileira de uma ditadura para uma democracia.

Temer foi impopular e nem teve chance de tentar reeleição, mesmo após sanear as contas do país e reorganizar a sobrevivência fiscal do Brasil.

Que lição se pode tirar disso? A de que presidência tem benesses, mas é um fardo que precisa ser abraçado com resiliência e aceitação de destinos, não com rebeldia.

A democracia costuma ser injusta com indivíduos, porque o compromisso dela é com a História e a sua base são as instituições.

A lista de injustiças com bons gestores que já ocuparam cargos de presidente, governador e prefeito nesse país é imensa. E, mesmo assim, quem abraça essa missão, precisa fazê-lo com a máxima temperança possível.

Discurso

Bolsonaro também foi obrigado a escutar um discurso em que Alexandre de Moraes evitou citar qualquer um nominalmente, mas defendeu as urnas, a democracia e a alternância de poder. O presidente precisou ficar inerte por 95 segundos enquanto o público aplaudia de pé. Preferiu não se manifestar.

O principal recado de Alexandre de Moraes a Bolsonaro foi o de que as instituições são maiores do que qualquer indivíduo e, no futuro, próximo ou não, ele estará naquela primeira fileira como um ex-presidente, carregando a sua própria história injusta.

É assim que funciona.

Senado empacado em Pernambuco

É normal que a disputa pelo Senado tenha menos engajamento de eleitores. É uma competição distante da realidade popular, mais por culpa dos próprios senadores do que por falta de disposição do povo. O senador é um sujeito distante.

Num mandato de oito anos, o ocupante do cargo acaba passando tempo demais sem dar as caras nas bases políticas e se desconecta um pouco.

Resultado é que os números das pesquisas mostram índices muito altos de gente que diz não estar disposta a votar em ninguém.

Em Pernambuco, Brancos e Nulos ultrapassa os 22%, enquanto o candidato com maior intenção de voto tem cerca de 12%. As baixas votações fazem com que o resultado possa surpreender. Em 2018, Jarbas Vasconcelos (MDB) quase ficou de fora, tentando voltar à Casa Alta. Por pouco não foi ultrapassado por Mendonça Filho (UB) na reta final. Humberto Costa (PT), que não era favorito, terminou vencendo, em primeiro.

Agora, Gilson Machado (PL), André de Paula (PSD), Teresa Leitão (PT), Guilherme Coelho (PSDB), Eugênia Lima (PSOL) e Carlos Andrade (UB) disputam uma única vaga. E, por enquanto, quase todos têm chance de vencer.

No agregador de pesquisas do JC, nota-se que movimentos interessantes estão acontecendo. Candidatos sobem e descem muito rápido, de uma pesquisa para outra, como reflexo do comportamento dos eleitores que não estão dando importância à disputa.

Criar uma “onda”, um movimento forte que mobilize as pessoas, como na campanha de Marcos Freire em 1974, é o maior desafio para quem quiser ter alguma chance de se destacar este ano em meio a tantos nomes.

Mas, é tão difícil que a última vez em que isso aconteceu numa campanha para senador foi há quase 50 anos, exatamente em 1974.

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