Sobre Marília Arraes (SD) havia pouca expectativa de que ela comparecesse ao último debate da eleição, já que havia faltado em todos.
Anderson Ferreira (PL), que faltou em quase todos (foi em apenas um logo no início da disputa), ainda era aguardado. Sua presença havia sido confirmada através da agenda publicada um dia antes. Até o último momento, imaginou-se que ele apareceria. E não estamos falando da emissora que realizou o evento, mas de sua própria militância.
Sim, a militância de Anderson esteve na TV Jornal, mobilizada pela equipe de campanha. Membros dessa equipe chegaram a se deslocar para a sede do SJCC, mas deu a hora limite e ele não chegou. A informação é que havia uma disputa interna entre os integrantes da campanha, sobre o benefício e o risco que ele assumiria estando no último debate.
No fim, venceu a preocupação com o risco. Melhor para quem esteve presente e conseguiu dar sua última palavra ao eleitor na defesa de seus argumentos.
Raquel Lyra (PSDB) teve oportunidades de debater com Miguel Coelho (UB) e com Danilo Cabral (PSB) dessa vez. E aproveitou. Ela não fugiu das perguntas que lhe foram direcionadas, mas tentou evitar gastar todo o tempo apenas respondendo às provocações dos adversários e aproveitou para apresentar propostas na reta final.
Raquel chega a esse ponto da campanha com um bom resultado nas pesquisas, boa resiliência e o argumento de ser a “melhor opção contra Marília Arraes no segundo turno”. Fato que, inclusive, ela tem explorado bastante.
No estúdio, a concentração da candidata chamou a atenção fora das câmeras. Enquanto os adversários falavam, ela fechava os olhos como se estivesse meditando, antes de ter sua vez.
Danilo Cabral carrega o peso das últimas gestões do PSB e, por isso, vira o alvo preferencial de todos, mas é impossível não reconhecer que o desempenho dele nos debates é muito bom.
Há uma preocupação em gerar frases de efeito que, ele sabe, vão repercutir depois. As argumentações são propositadamente simples, para formarem mensagens bem entendidas pelo público geral. Não é difícil perceber um bom treinamento agindo sobre alguém que não é outsider na política e sabe o que está fazendo.
O problema é ter que defender o atual governo com seus 60% de rejeição e não se contaminar com isso. Mas ele está na luta.
Miguel Coelho não se altera, não fica nervoso, não se irrita, mesmo que esteja irritado. Isso pode ser muito bom e pode ser muito ruim, dependendo de como o público está disposto a recebê-lo.
No debate da TV Jornal, o candidato voltou ao tema da licitação dos ônibus de Petrolina. A ideia, ao que parece, é mostrar que tem coragem “e, mesmo sob ameaça dos poderosos”, agiu para melhorar o transporte público da cidade que governava.
A campanha identificou, em pesquisas qualitativas, que firmeza e coragem para enfrentar os problemas são ativos que o eleitor está considerando na hora de decidir. Tem muito a ver com o que este mesmo eleitor considera ser um contraponto ao atual governador, Paulo Câmara (PSB), que é bastante rejeitado.
Por isso a aposta no tema.
Há um outro fato interessante nesta eleição. João Arnaldo (PSOL) e o Pastor Wellington (PTB) não se tornaram meros enfeites caricatos da eleição.
Apesar de estarem em campos ideológicos bem opostos, cumpriram, ambos, um papel importante na campanha e trataram os debates com a seriedade que esses eventos merecem. Não foi diferente neste da TV Jornal.
A seriedade dos dois, o convívio respeitoso e o respeito com a democracia é algo que precisa ser destacado.