Cena Política: A emergência sem prazo de Lula e a viagem de Raquel Lyra para a Inglaterra

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (18)
Igor Maciel
Publicado em 18/11/2022 às 0:01
NA COP27 Presidente eleito, petista deu declaração em encontro com organizações da sociedade civil e voltou a criticar o teto de gastos Foto: JOSEPH EID / AFP


O Brasil é um país fadado a não dar certo no longo prazo, porque todas as discussões sobre problemas sérios no país ficam limitadas às soluções curtas e rápidas. A PEC da Transição deve custar um estouro de R$ 200 bilhões no teto de gastos, com a manutenção por quatro anos dos auxílios fora do limite. Daí, vêm as justificativas feitas sob medida para a militância gritar nas redes sociais: “quem tem fome não espera longo prazo”. É verdade.

Mas, o problema não é a urgência para sanar a miséria no país. Transformar emergência em estado contínuo de gestão é que complica as coisas. A fome existe e medidas muito duras e rápidas devem ser tomadas, sim. É preciso arranjar dinheiro para garantir a sobrevivência e a mínima dignidade possível para os dezenas de milhares que não conseguem fazer as refeições do dia no Brasil.

As sucessivas crises e o governo desastrado, cruzamento de liberalismo com pão e circo populista, que Bolsonaro administrou nos últimos anos, não ajudaram em nada.

Mas uma coisa é falar em emergência por um ano, enquanto se organizam as contas para ajustar os auxílios ao orçamento. Outra é prolongar a urgência por quatro anos.

Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e sonho dos petistas para a economia do país, declarou exatamente isso. “Por um ano é necessário, mais que isso não”. Tratar emergência como algo que nunca acaba é admitir incapacidade.

O recado que Lula quer passar é o de que prioriza as necessidades básicas da população. É bonito, é correto, é sinal de grandeza. Mas querer eternizar emergências para fugir às responsabilidades é admitir que não sabe resolver a questão dentro das regras com todos os naturais obstáculos do jogo.

É algo como: não consigo fazer o gol, alguém, por favor, derrube o goleiro.

Temáticos

Na transição do governo em Pernambuco, haverá novidades nos próximos dias. A equipe de transição vai começar a anunciar núcleos temáticos para discutir diretrizes da gestão que se inicia em janeiro de 2023. Haverá núcleos na área de Saúde, Educação, Turismo, Economia, na área social, Habitação, entre outros.

Integrantes da equipe de Raquel Lyra (PSDB) têm dito que os nomes da transição anunciados até agora são técnicos, com o objetivo principal de reunir informações do governo atual, nos mínimos detalhes. Já o grupo que será anunciado nos próximos dias fará o trabalho de formação intelectual do governo, sobre os números que já estiverem disponíveis.

Viajando

A governadora eleita, Raquel Lyra, tomará o caminho do aeroporto na próxima semana. Mas, ao contrário do que tem sido moda nas últimas semanas, não vai à Brasília integrar a transição de Lula (PT). A tucana está de viagem marcada para a Inglaterra, à convite da Fundação Lemann. Somente cinco governadores foram convidados.

Ela já esteve em Oxford, em 2018, quando era prefeita, para um seminário da instituição voltado a gestores públicos, na área de Educação. Na época, a articulação da então prefeita rendeu uma parceria com o município de Caruaru que investiu forte na qualificação de professores.

Objetivo é aproveitar a oportunidade mais uma vez, dessa vez para o estado. A coluna apurou que Raquel já tem agendas programadas no Reino Unido com possíveis investidores internacionais para Pernambuco. A previsão é que ela embarque no início da semana e retorne ao Recife no domingo (27).

Prefeitos

Após a reunião com a bancada federal e com a bancada estadual, o próximo encontro da governadora eleita, quando voltar da Europa, deverá acontecer com os prefeitos do estado. A data ainda está sendo marcada. A ideia é reunir os gestores municipais no Recife.

O encontro faz parte da iniciativa, necessária, de aproximar todos os segmentos políticos antes de começar a gestão em 2023.

Talvez esteja faltando, ainda, agregar segmentos civis nesse processo de diálogo. O setor empresarial apoiou a então candidata fortemente, com a esperança, exatamente, de que existissem mais parcerias e diálogo visando o desenvolvimento de Pernambuco, algo que sempre foi muito difícil com o PSB.


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