Atenção! Em 2023, você está liberado para dizer que “desde D. Pedro, nós não tivemos, nunca, ninguém que rastejasse tanto para o Congresso Nacional como o presidente da República”.
Será válido também dizer que o presidente Lula estará “de quatro” frente ao Congresso Nacional.
Será absolutamente natural afirmarmos, ainda, que os poderes em Brasília, com Lula, irão, sem pena, "extorquir prefeitos e a população".
Quem definiu que esses termos poderão ser utilizados contra Lula? O próprio Lula.
Explico: no dia 2 de fevereiro deste ano, ao ser perguntado sobre o que achava do “Orçamento Secreto”, o então pré-candidato à presidência pelo PT se referiu assim a Bolsonaro e ao Congresso. Quem não acreditar, pode procurar a entrevista que ele concedeu à rede de rádios RDR, do Paraná, nessa data.
Lula, na época, disse que as emendas do relator eram uma forma de fazer o presidente Bolsonaro “rastejar” para o Congresso e que ele ficava “de quatro” para os deputados e senadores. Para completar, afirmou que o dispositivo ajudava a “extorquir” prefeitos.
E por que você está liberado repetir tudo isso contra o novo governo em 2023? É que, saindo de fevereiro, chegamos em novembro, quando nesta quarta-feira (30) a Comissão Mista de Orçamento no Congresso colocou em pauta a possível extinção das emendas do relator (orçamento secreto) e apenas dois parlamentares, um do PSB e uma do PSOL, votaram favoráveis.
Seis deputados petistas estavam na sala, entre eles um dos nomes fortes da transição petista, Rui Costa (PT), e nenhum deles se mexeu. Não votaram para acabar com aquilo que Lula, na eleição, chamava de “maior escândalo de corrupção da História”.
Foi um silêncio curioso, pra dizer o mínimo.
Um dos parlamentares petistas, provocado pela imprensa, chegou a dizer que “não tinha incoerência nenhuma, porque o PT ainda não assumiu o governo”.
Realmente não há qualquer incoerência, mas o nobre deputado errou o motivo.
A ausência de incoerência se dá porque o orçamento secreto nada mais é do que um “Mensalão institucionalizado”. E o Mensalão é uma criação petista, dentro do sistema que ficou conhecido como “presidencialismo de cooptação”.
O PT brigar contra o orçamento secreto seria como um pai tentar abandonar um filho muito querido apenas porque ele foi registrado em cartório.
Sobre tudo isso, aliás, cabe um comentário mais direto e o leitor, por favor, perdoe a possível falta de sensibilidade. Mas, é que todo mundo sabia quem era Bolsonaro (PL) quando ele foi eleito apoiado na raiva que havia pelo PT. E, agora, todo mundo sabia, ainda mais, quem era Lula antes de ir votar nele apoiado na raiva que existia por Bolsonaro.
O eleitor brasileiro vai até o banheiro, bate na própria cara e põe a culpa no sujeito do espelho.
É cômico, mas não é.
O nome que circula com mais força, atualmente, para ocupar a presidência da Alepe é o do deputado Álvaro Porto (PSDB).
Ele está no mesmo partido que a governadora, foi um dos três eleitos dentro do grupo direto que apoiou Raquel Lyra (PSDB), mas é o veterano entre eles. Por isso, leva vantagem.
Há quem considere a escolha de Porto como algo já resolvido dentro da Mesa Diretora da Assembleia. A primeira-secretaria, o segundo cargo mais importante da Casa, deve ficar com alguém do PSB, já que o partido conquistou a maior bancada para 2023, com 14 deputados.
A coluna publicou, ontem, uma crítica à ausência de discussões temáticas dentro da transição do governo Raquel Lyra. Até agora, as atividades do grupo de transição se resumiram ao envio de ofícios, com um foco muito mais técnico e administrativo do que propositivo e temático.
Ontem mesmo, no fim do dia, tivemos a informação de que o Palácio começou a receber solicitações do grupo de transição para reuniões temáticas, começando com Saúde e Educação. Viva!