Tarcísio é favorito entre bolsonaristas para ser candidato a presidente

Confira a coluna Cena Política deste sábado (24)
Igor Maciel
Publicado em 23/06/2023 às 20:00
Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) Foto: Alan Santos/PR


Alexandre de Moraes está disposto a acelerar o quanto for possível a condenação de Jair Bolsonaro (PL) por crime eleitoral no TSE. Com isso, é possível que o julgamento, já iniciado, seja concluído até o fim deste mês, nas próximas duas sessões marcadas para os dias 27 e 29 de junho.

Acontece que Nunes Marques, o ministro que se esperava que pedisse vista no processo, tem dado pistas de que pode acabar votando logo e não atrasando o resultado.

Há dois motivos para isso: o primeiro é que ele será o penúltimo a votar. É praticamente certo que Bolsonaro será condenado. A dúvida é se será com cinco, seis ou, por unanimidade, com sete votos. Só há dúvidas em relação aos votos de Nunes Marques e de André Ramos. Pela ordem de votação, quando Marques, indicado ao STF por Bolsonaro, for votar, a fatura já estará liquidada com quatro ou cinco votos.

O segundo motivo para o ministro votar logo e encerrar a questão é que ele é o próximo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, de acordo com o rodízio do cargo. Como presidente, o ministro terá que conquistar o apoio dos colegas para facilitar seu trabalho. E é interesse dos colegas que esse julgamento não seja protelado. Se pedir vista do processo, todos os colegas que por lei ainda podem mudar o voto antes da decisão final, passariam meses recebendo pressão nos bastidores de todos os lados, por um julgamento que já está numericamente decidido.

Agradar o bolsonarismo, nesse caso, será mau negócio para o ministro Nunes Marques. Confiante nisso, Alexandre de Moraes, inclusive, tem dito a quem lhe pergunta fora dos microfones: “o julgamento acaba ainda neste semestre”.

Michelle

Uma pesquisa divulgada pela Quaest perguntou aos eleitores de Jair Bolsonaro (PL) quem eles gostariam que fosse apoiado pelo ex-presidente para ser candidato ao Palácio do Planalto em 2026. E 33% apontaram o nome de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo. Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, ficou com 11%.

Chamou a atenção a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). Ela aparece com 24% da preferência dos bolsonaristas para ser a candidata do grupo à presidência em 2026.

Se depender de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, Michelle é o nome do partido, mas para viabilizar isso ele terá que enfrentar o desgosto dos filhos do ex-presidente. Flávio é o que menos tem problemas com a esposa do pai, mas a trata como alguém de fora da família. Eduardo é bem distante dela e já teve algumas discussões com a madrasta. Carlos Bolsonaro a detesta e a tem como inimiga.

Tudo vai depender de quem terá mais força até 2026, se os bolsonaro ou o partido dos bolsonaro. Tudo passa pela influência nos resultados das eleições municipais. Se Valdemar perceber que não valeu a pena o investimento feito no ex-presidente como cabo eleitoral do partido, a balança muda.

Subiu no telhado

O presidente Lula (PT) está tentando salvar o acordo do Mercosul com a União Europeia, mas pode acabar ficando marcado como o presidente na cadeira que precipitou o fim das aproximações para o desfecho. Já há quem diga que o acordo Mercosul/UE “subiu no telhado”.

Visitando a França, também para tratar desse assunto, as críticas feitas pelo presidente brasileiro e as notas da União Europeia dão a entender que está mais longe de uma solução para os blocos.

Para ser justo, é importante dizer que a culpa não é só do atual presidente e nem é de Bolsonaro. A verdade é que o acordo entre os dois blocos foi formatado em outro ambiente político e econômico internacional. Essa negociação está correndo há 25 anos.

As mudanças que aconteceram em duas décadas e meia, incluindo guerras, Brexit e pandemia, além das alterações nas perspectivas de países como a França que ficou muito mais protecionista, inviabilizam o acordo.

O mundo mudou em 25 anos. E mudou muito.

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