Quando votou para livrar Bolsonaro (PL) da condenação, o ministro do TSE Raul Araújo argumentou que a reunião do então Presidente da República com embaixadores, em 2022, para desacreditar as urnas eletrônicas, não produziu efeitos diretos. Ou seja, não rendeu votos a mais porque ele já havia sido repreendido pelo próprio TSE e condenado a pagar uma multa na época.
É como se ele admitisse que o então presidente errou, mas como aquilo não produziu efeito direto, o correto era absolvê-lo.
O ministro Benedito Gonçalves e a ministra Cármen Lúcia ficaram estarrecidos e rebateram o colega durante o voto com intervenções duras. Até porque o argumento de Araújo é absurdamente frágil.
Aí veio o voto de Floriano de Azevedo Marques Neto. Ele foi curto, seco e bem didático: “Se alguém põe fogo num edifício e os os bombeiros chegam a tempo, a ação que evita a tragédia não elimina o crime de quem riscou o fósforo”.
Depois, complementou: "Nós estamos analisando o evento e as intenções do agente no evento. Se ele mal sucedeu nessa estratégia não é uma questão relevante”.
E ainda arrematou: “Uma pessoa pode ser terraplanista, fazer parte de clube da borda infinita, mas não pode pregar isso como professor em escola pública”, disse o ministro Floriano.
Mas não foi esse voto o que mais doeu para os apoiadores de Jair Bolsonaro. O resultado parcial de 3x1 veio com o voto pela condenação dado por André Ramos Tavares. Além de Raul Araújo e Nunes Marques, a defesa tinha esperança de que Tavares votasse pela absolvição. Mas ele nem entrou na discussão. Apontou a condenação e encerrou o voto, relativamente rápido, para liberar todos pro almoço.
Se já havia certeza da condenação de Bolsonaro, agora ela está praticamente sacramentada. Com os votos de Benedito Gonçalves, Floriano de Azevedo e André Tavares, falta apenas um voto para confirmar a inelegibilidade pela maioria.
A Corte terá, nesta sexta-feira (30), os votos de Cármen Lúcia, Nunes Marques e Alexandre de Moraes. Pela intervenção que fez durante o voto de Raul Araújo, Cármen deve votar pela condenação. E Moraes também.
Para os bolsonaristas, a boa notícia é a absolvição de Braga Neto. O TSE já formou maioria para não condenar o vice de Bolsonaro na disputa de 2022.
Os direitos políticos dele serão mantidos e o PL poderá lançá-lo candidato em 2024. Existe o plano no partido de que o general Braga Neto seja o nome do partido para a prefeitura do Rio de Janeiro no ano que vem.
O PT está tentando, com uma ação no TRE-PR, tirar Sergio Moro (UB) do Senado. Da mesma forma que se conseguiu cassar o mandato de Deltan Dallagnol (Podemos) na Câmara, agora o alvo é o ex-juiz da Lava Jato.
Tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná um pedido de cassação contra Moro baseado em supostas irregularidades nos gastos de campanha e na prática de caixa 2 nas eleições do ano passado.
O curioso é que não foram os petistas que reclamaram primeiro. O PL, partido de Bolsonaro, apoiado por Moro em 2022, foi quem ingressou com a ação. A esperança era que ele não assumisse o mandato e a vaga ficasse com o segundo colocado, que é do PL.
O PT resolveu também entrar com uma ação quando percebeu que o PL não terá a vaga automaticamente e uma nova eleição deve ser realizada.
Quando a Justiça Eleitoral percebeu que as duas ações tinham o mesmo objetivo juntou e deixou PL e PT unidos contra o senador do União Brasil.
Quem também é do Paraná é a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que mesmo antes de qualquer resultado na Justiça já começou a fazer campanha para participar da eleição e tentar voltar ao Senado.
Gleisi é deputada federal, mas poderia disputar a eleição suplementar sem perder o atual mandato.
Em 2022 ela não arriscou a candidatura para voltar a ser senadora, porque sabia que perderia. Agora, com Lula (PT) já presidente, está muito mais confiante e anda como se já estivesse eleita.