A sagrada condição humana (até) do opositor e a responsabilidade do presidente

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (20)
Igor Maciel
Publicado em 19/07/2023 às 21:00
O ditador Maduro e o presidente Lula Foto: Ricardo Stuckert / divulgação


É essencial que o presidente Lula (PT), tão ávido por encontrar paz para países em guerra e tranquilidade para as eleições da Venezuela, trabalhe para serenar os ânimos no Brasil de vez em quando, também.

Ao falar sobre as pessoas que teriam agredido o ministro do STF Alexandre de Moraes, num aeroporto em Roma, o presidente da República desafinou feio.

"Nós precisamos punir severamente pessoas que ainda transmitem ódio, como o cidadão que agrediu o ministro Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma. Um cidadão desses é um animal selvagem, não é um ser humano", disse Lula. E completou: "Essa gente que nasceu no neofascismo, colocado em prática no Brasil, tem que ser extirpada".

Negar a condição humana de qualquer um, incluindo os opositores, não ajuda em nada a cumprir a promessa que o próprio Lula fez durante a campanha de que pretendia “unir o país”.

Para além disso, negar a condição humana a alguém e ainda falar em "extirpar" quem quer que seja é uma declaração muito séria e muito, mas muito infeliz. Dita por um presidente da República, então, ganha proporção imensa.

Pague meu dinheiro

Por falar em Venezuela, é boa a ideia do presidente brasileiro e de seu colega francês, Emmanuel Macron, de acenar para a ditadura de Nicolás Maduro com a possibilidade de acabar com sanções, desde que o país realize eleições livres, acompanhadas por outras nações.

O retorno à normalidade por lá seria muito bom para os venezuelanos e para os brasileiros. Se a Venezuela volta ao normal, ao  mundo de liberdades, responsabilidades e compromisso, é mais fácil pagar a dívida que tem com o Brasil, algo em torno de R$ 6 bilhões.

Esse dinheiro faz falta por aqui também.

Ainda o Capag

A coluna publicou, ontem, análise sobre o movimento que está acontecendo nos bastidores da política pernambucana e no qual se tenta vincular a gestão do ex-governador Paulo Câmara (sem partido), que terminou em 2022, a um período de sucesso do Estado.

O que não foi, e há vários indicativos para mostrar isso em variados setores.

É uma estratégia de reabilitação política, justa e inofensiva. Utilizada com frequência. Válida e compreensível.

Um exemplo da utilização dessa estratégia é o discurso buscando transformar o ex-governador em “grande artífice” do empréstimo que a atual gestão assinou para usar como investimento nos próximos anos, no valor de R$ 3,4 bilhões.

A coluna da quarta-feira (19) pontuou que Pernambuco recuperou a nota de crédito para conseguir empréstimos ainda no governo Paulo Câmara, é verdade. Mas que isso aconteceu anos depois de o estado ter perdido essa mesma classificação, também no governo Paulo Câmara, em 2017.

Paulo Câmara respondeu

O ex-governador e atual presidente do Banco do Nordeste, enviou nota à coluna com um esclarecimento sobre aquele período e atribuiu a perda do “Capag B” em 2017 ao governo de Michel temer (MDB) na presidência da República:

“As afirmações da referida coluna não citam que a queda de Pernambuco no ranking da Capacidade de Pagamento (Capag) da Secretaria do Tesouro Nacional foi resultado de uma portaria editada pelo Governo Temer em 2017 com o objetivo de beneficiar o estado de São Paulo. Com essa mudança, arbitrária e sem período de transição, outros oito estados brasileiros foram prejudicados. Tão absurda foi essa regra, que se a mesma fosse a vigente anteriormente, Pernambuco teria caído para CAPAG C desde 2012, melhor momento econômico do estado e do país em décadas. A recuperação do CAPAG B em 2021 não foi fruto do acaso, mas sim de muito trabalho, gestão e responsabilidade, tanto que possibilitou a contratação de até R$ 3,4 bilhões em operações de crédito para investimentos em 2023, como divulgado em coletiva de imprensa em 27 de dezembro de 2022. Os dados estão disponíveis no site da Secretaria do Tesouro Nacional (tesouro.gov.br), para quem desejar trabalhar com informação e não com impressões pessoais”.

Impressões pessoais

Toda análise política, e este é um espaço para isso, é construída sobre pilares fundamentais que incluem fatos, versões sobre os fatos e impressões oriundas de repertório pessoal, coletivo e histórico.

As “impressões pessoais” reproduzidas em uma análise nada mais são do que um instrumento essencial, componente da liberdade de expressão, entre tantos que sustentam a democracia. Está tudo em seu lugar.

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